ATA DA SEPTUAGÉSIMA OITAVA SESSÃO ORDINÁRIA DA
TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM
24.09.1999.
Aos vinte e quatro dias do mês de setembro do ano de
mil novecentos e noventa e nove reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio
Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às nove horas foi efetuada a
chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Antonio Hohlfeldt,
Carlos Alberto Garcia, Clênia Maranhão, Cyro Martini, Elói Guimarães, Isaac
Ainhorn, João Carlos Nedel, João Dib, João Motta e Luiz Braz. Ainda, durante a
Sessão, compareceram os Vereadores Antônio Losada, Cláudio Sebenelo, Décio
Schauren, Eliseu Sabino, Fernando Záchia, Gilberto Batista, Guilherme Barbosa,
Helena Bonumá, Hélio Corbellini, João Bosco Vaz, José Valdir, Juarez Pinheiro,
Lauro Hagemann, Maristela Maffei, Nereu D'Ávila, Paulo Brum, Pedro Américo
Leal, Reginaldo Pujol, Renato Guimarães, Saraí Soares e Tereza Franco.
Constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou
abertos os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias das Atas
da Septuagésima, Septuagésima Primeira, Septuagésima Segunda, Septuagésima
Terceira e Septuagésima Quarta Sessões Ordinárias, que foram aprovadas. À MESA
foram encaminhados: pelo Vereador Antonio Hohlfeldt, 03 Pedidos de
Providências; pelo Vereador Carlos Alberto Garcia, 10 Pedidos de Providências e
o Projeto de Lei do Legislativo nº 166/99 (Processo nº 3007/99); pelo Vereador
Isaac Ainhorn, 01 Pedido de Providências; pelo Vereador João Carlos Nedel, 02
Pedidos de Providências, a Indicação nº 50/99 (Processo nº 3015/99) e o Projeto
de Lei do Legislativo nº 168/99 (Processo nº 3014/99); pelo Vereador João Dib,
01 Pedido de Providências; pela Vereadora Sônia Santos, 01 Pedido de Providências.
Ainda, foi apregoado o Ofício nº 554/99, de autoria do Senhor Prefeito
Municipal de Porto Alegre, encaminhando Veto Total ao Projeto de Lei do
Legislativo nº 97/98 (Processo nº 2107/98). Do EXPEDIENTE constaram: Ofício nº
546/99, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre; Comunicado nº 9652/99, da
Senhora Mônica Messenberg Guimarães, Secretária-Executiva do Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educação do Ministério da Educação. A seguir, o Senhor
Presidente concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, ao Senhor José Dorizel
Ignácio Kaiper, representante da Associação Comunitária 24 de Junho -
Leopoldina II, que discorreu sobre os problemas enfrentados pelos habitantes do
Conjunto Residencial Jardim Leopoldina II, Humaitá e Santa Fé para a manutenção
dos contratos de financiamento de imóveis firmados junto ao Departamento
Municipal de Habitação – DEMHAB, denunciando estarem em tramitação na Justiça
diversas ações de despejo contra os moradores dessas comunidades. Na ocasião,
nos termos do artigo 206 do Regimento, os Vereadores João Dib, Cláudio
Sebenelo, Luiz Braz, Clênia Maranhão e Guilherme Barbosa manifestaram-se sobre
o assunto discutido em Tribuna Popular, e o Senhor Presidente registrou a
presença de integrantes da Força Sindical e do Sindicato dos Comerciários de
Porto Alegre. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, os
Projetos de Lei do Legislativo nºs 155, 153/99, este discutido pelo Vereador
João Dib, e 151/99, este discutido pelos Vereadores Elói Guimarães e Clênia
Maranhão, os Projetos de Resolução nºs 51 e 50/99, este discutido pelo Vereador
João Dib, o Projeto de Lei do Executivo nº 27/99, discutido pelo Vereador João
Dib; em 2ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 138, 149, 150, 152 e
156/99, o Projeto de Lei do Executivo nº 28/99, discutido pelos Vereadores
Adeli Sell e Isaac Ainhorn; em 3ª Sessão, o Projeto de Emenda à Lei Orgânica nº
04/99, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 144 e 145/99. Em COMUNICAÇÃO DE
LÍDER, o Vereador Isaac Ainhorn pronunciou-se sobre a realização do evento
intitulado “Seminário Internacional sobre Democracia Participativa”, em Porto
Alegre, tecendo críticas à forma como este Seminário foi organizado e
ressaltando a necessidade de abertura de espaços para o estabelecimento do
contraditório para que a democracia possa ser exercida plenamente. Na
oportunidade, o Senhor Presidente informou que, conforme acordo firmado pelos
Líderes de Bancadas, será realizada no dia vinte e nove de setembro do corrente
uma homenagem aos quinze anos de fundação da Associação dos Jovens Empresários,
sendo que os Vereadores que se manifestarão nessa solenidade utilizarão a
Comunicação de Líder. Também, face Questão de Ordem e manifestações dos
Vereadores Antonio Hohlfeldt, Elói Guimarães e Juarez Pinheiro, o Senhor Presidente
prestou esclarecimentos acerca do Seminário “Regulamentação e Impacto nos
Estados e Municípios das Emendas Constitucionais nºs 19 e 20/98”, a ser realizado
no dia primeiro de outubro do corrente, nas dependências deste Legislativo. A
seguir, nos termos do artigo 94, § 1º, alínea “f” do Regimento, o Senhor Presidente
concedeu TEMPO ESPECIAL à Vereadora Helena Bonumá, que relatou sua
participação, como representante deste Legislativo, na Conferência Internacional
de Gênero e Globalização, realizada do dia quinze ao dia vinte de setembro do
corrente, na Bélgica, analisando as principais discussões realizadas durante
esse evento. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Carlos Alberto Garcia comentou
notícias divulgadas pela imprensa, relativas à possibilidade de aliança entre o
Partido Socialista Brasileiro e o Partido da Social Democracia Brasileira para
a disputa das próximas eleições, ressaltando não ter sido consultado a respeito
e que buscará o posicionamento oficial do PSB junto à Executiva Municipal do
Partido. O Vereador Lauro Hagemann discorreu sobre a cassação do mandato do
Deputado Federal Hildebrando Paschoal por falta de decoro parlamentar. Também,
analisou dados referentes ao processo de filiação partidária no Brasil,
defendendo a adoção de medidas que viabilizem uma melhor qualificação dos
integrantes dos partidos políticos brasileiros no ato de sua admissão nas
agremiações partidárias. O Vereador Luiz Braz registrou a realização, amanhã,
de evento patrocinado pelas Lojas Tevah, intitulado “Dia de Solidariedade”,
quando os funcionários dessa empresa se dedicarão a confeccionar, sem
remuneração, peças de vestuário para serem doadas a instituições de caridade.
Também, convidou os Senhores Vereadores para o ato de entrega do Troféu
Solidariedade ao Supermercado Zaffari. Na ocasião, o Vereador Pedro Américo
Leal manifestou-se a respeito deste pronunciamento do Vereador Luiz Braz e,
face manifestações dos Vereadores Fernando Záchia e João Bosco Vaz, o Senhor
Presidente prestou informações sobre os trabalhos da Comissão de Inquérito
Administrativo Instalada pela Portaria nº 364/99 (Processo nº 1754/99) para
apurar fatos referidos no Processo nº 1043/99 - Auxílio Creche. Em COMUNICAÇÃO
DE LÍDER, o Vereador Antonio Hohlfeldt, ao referir-se a disposições constantes
na Lei nº 6.203, que dispõe sobre o plano de cargos do Departamento Municipal
de Água e Esgotos – DMAE, pronunciou-se acerca dos requisitos legais para o
preenchimento de cargos técnicos nesse Departamento, afirmando não haver um
profissional químico responsável pela água tratada por esse órgão. O Vereador
João Dib comentou dados relativos à compra do Conjunto Residencial Jardim
Leopoldina II pelo Departamento Municipal de Habitação - DEMHAB, declarando que
o Conselho Deliberativo desse órgão não autorizou essa operação. Ainda,
manifestou-se sobre os gastos orçados pelo Executivo Municipal para a
construção da III Perimetral e sobre projeto plurianual de investimentos, de
iniciativa do Senhor Presidente da República. O Vereador Guilherme Barbosa contraditou
o discurso do Vereador Antonio Hohlfeldt, procedendo à leitura da nominata do
corpo técnico de DMAE, ressaltando que o tratamento de água feito por esse
órgão atende às especificações do Ministério da Saúde. Também, teceu
considerações sobre a atuação deste Legislativo quando da aquisição, pelo
DEMHAB, do Conjunto Residencial Jardim Leopoldina II. A seguir, constatada a
existência de "quorum", foi iniciada a ORDEM DO DIA e foi aprovado
Requerimento verbal do Vereador Antonio Hohlfeldt, solicitando alteração na
ordem de apreciação da matéria constante na Ordem do Dia. Em Votação, foi
apregoado o Parecer nº 69/99, da Comissão de Constituição e Justiça, o qual,
após ser encaminhado à votação pelos Vereadores Isaac Ainhorn e Juarez
Pinheiro, foi retirado da Ordem do Dia e remetido à Comissão de Constituição e
Justiça por determinação do Senhor Presidente, tendo os Vereadores Juarez
Pinheiro, Isaac Ainhorn, Cláudio Sebenelo, Elói Guimarães, João Dib e Clênia
Maranhão formulado Questões de Ordem e manifestações a respeito. Também, o
Vereador Juarez Pinheiro formulou Requerimento verbal, posteriormente retirado
pelo Autor, solicitando fosse este Parecer encaminhado à apreciação da Mesa
Diretora deste Legislativo. Ainda, o Vereador João Bosco Vaz registrou, através
de Questão de Ordem, o transcurso do qüinquagésimo quarto aniversário da
Associação dos Cronistas Esportivos Gaúchos. Após, foi aprovado Requerimento
verbal do Vereador Nereu D’Ávila, solicitando alteração na ordem de apreciação
da matéria constante na Ordem do Dia, tendo o Vereador Guilherme Barbosa
manifestado-se a respeito. Em Discussão Geral e Votação, foi aprovado o Projeto
de Lei do Legislativo nº 84/99, com ressalva das Emendas nº 01 e 02 a ele
apostas, por vinte e três votos SIM, após ser discutido pelos Vereadores Nereu
D’Ávila, João Dib, Paulo Brum, Guilherme Barbosa, Clênia Maranhão, Renato
Guimarães, Luiz Braz, Lauro Hagemann, Maristela Maffei, Tereza Franco, Elói
Guimarães, Helena Bonumá, José Valdir, Cyro Martini e Antônio Losada, em votação
nominal solicitada pelo Vereador Antônio Losada, tendo votado os Vereadores
Adeli Sell, Antônio Losada, Carlos Alberto Garcia, Clênia Maranhão, Cyro
Martini, Décio Schauren, Elói Guimarães, Fernando Záchia, Gilberto Batista,
Guilherme Barbosa, Helena Bonumá, João Bosco Vaz, João Dib, João Motta, José
Valdir, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Maristela Maffei, Nereu D'Ávila, Paulo Brum,
Renato Guimarães, Saraí Soares e Tereza Franco. Após, foram aprovadas as
Emendas nºs 01 e 02 apostas a este projeto. Durante a apreciação do Projeto de
Lei do Legislativo nº 84/99, o Vereador Nereu D’Ávila manifestou-se acerca do
andamento dos trabalhos da presente Sessão, e o Senhor Presidente registrou as
presenças do Deputado Estadual Vieira da Cunha e do Senhor Pedro Ruas,
Secretário Estadual de Obras Públicas e Saneamento. Em continuidade, foi
aprovado Requerimento verbal do Vereador Carlos Alberto Garcia, solicitando
alteração na ordem de apreciação da matéria constante na Ordem do Dia. Foi
aprovado o Requerimento nº 205/99 (Processo nº 2986/99 - Período de Comunicações
destinado a homenagear os sessenta anos da Escola Estadual de Primeiro Grau
Euclides da Cunha), de autoria do Vereador Carlos Alberto Garcia. Foi aprovado
o Requerimento nº 201/99 (Processo nº 2907/99 - Sessão Solene destinada a
homenagear os cento e noventa e um anos do Banco do Brasil), de autoria do
Vereador Adeli Sell. Às treze horas e vinte e cinco minutos, constatada a
inexistência de "quorum", o Senhor Presidente declarou encerrados os
trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima
segunda-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos
Vereadores Nereu D'Ávila, Juarez Pinheiro, Paulo Brum e Adeli Sell e
secretariados pelos Vereadores Adeli Sell e Clênia Maranhão, esta como
Secretária "ad hoc". Do que eu, Adeli Sell, 1º Secretário, determinei
fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será
assinada por mim e pelo Senhor Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): Passamos à
O
Sr. José Dorizel Kaiper, representando o Conjunto Residencial Jardim Leopoldina
II, Humaitá e Santa Fé, está com a palavra, pelo tempo regimental de 10
minutos.
O SR. JOSÉ DORIZEL KAIPER: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Ai! É a
dor que as pessoas sentem por não verem os seus problemas resolvidos e por
estarem enfrentando as maiores dificuldades do mundo aqui em Porto Alegre,
principalmente quanto aos despejos. Não há dor maior no mundo do que enfrentar
o despejo. Despejo, despejo e despejo. Mas esse assunto está esquecido na
propaganda do Sr. PT, que agora realiza o Porto Alegre Em Cena, onde são
mostradas cenas tão bonitas, enquanto há toneladas de bombas no Centro da
Cidade, e as pessoas enfrentam o despejo. Esse lado esquecem de mostrar à
comunidade gaúcha, nem para a comunidade brasileira, nem para a comunidade do
mundo inteiro. São muitos os clamores das comunidades quanto às injustiças
sociais, clamores esses que não estão sendo ouvidos.
Recentemente
foi falado nesta Câmara por quem, certamente, é o festejador das desgraças da
humanidade, que essa gente não teria o legítimo direito de usar esta tribuna.
Mas não é essa gente que vota para que muitos tenham os seus cargos aqui? Não
seria muito mais bonito se a humanidade seguisse os exemplos que estão
registrados na história para solucionar as questões sociais, em vez de
sofrimento, desespero e despejo? Por exemplo, o mestre da humanidade quando
veio aqui, disse que ouvia até mesmo o clamor das crianças, quanto mais dos
adultos. Esse mestre depois foi trocado por um ladrão, o mestre chamado Jesus
Cristo, que deu o exemplo de como se deve fazer as coisas a favor da
humanidade.
Recentemente
foi passado um filme que milhares de pessoas da humanidade tiveram a
oportunidade de observar: “A Lista de Schindler”. Nesse filme, Schindler chorou
e lamentou no final por não ter podido salvar mais algumas pessoas dos efeitos
da Guerra Mundial. Quão diferente é das pessoas daqui, para as quais clamamos
por justiça social e não conseguimos. Saímos daqui e somos intimados ali por
uma Justiça cega, que pede o despejo de grande parte da comunidade mais pobre
daqui do Rio Grande do Sul. Mas será que isso é possível continuar no mundo?
Eu
fiquei espantado quando vi uma notícia em uma revista recentemente publicada,
dizendo que Porto Alegre é a capital brasileira do suicídio de jovens. Mas por
que será isso? Será que a vida aqui do “Porto Alegre Em Cena” está tão boa? Por
que os jovens estão se suicidando em Porto Alegre? Mas será que ninguém vê?
Como
se isso não bastasse, acontecem coisas dramáticas. Somos obrigados a colocar os
ouvidos para ouvir mentiras, como na última reunião que tivemos com a Comissão
de Habitação aqui da Câmara. Eles disseram, e repetiram várias vezes, que o
Jardim Leopoldina aceitou a negociação. Mas que coisa mais escandalosa! O
próprio Correio do Povo publicou uma nota, em uma estampa grande que mesmo as
pessoas que enxergam pouco podiam ver, onde estava escrito: “Jardim Leopoldina
II não aceita negociação”. O povo do Jardim Leopoldina não aceitou ser
enganado! Não adianta querer colocar a culpa no povo! Jardim Leopoldina II não
aceita negociação! O Correio do Povo não é particular, é público para todo o
mundo ler. Não foi o povo o culpado de aceitar uma negociação superfaturada do
Jardim Leopoldina. Até quando vamos clamar por solução?
São
inúmeras comunidades, como é o caso da Vila Dormênio. O Secretário da Habitação
nem bem saiu da vila prometendo uma solução satisfatória para a comunidade -
estão gravadas as informações - e já, em poucos dias, tivemos que ir para o
Fórum, porque a comunidade está sendo intimada para ser despejada. Até quando
vai continuar a mentira descarada de pessoas que representam órgãos do Governo
e agem como se fossem pessoas de baixo calão? Até quando a humanidade deverá
ser submetida a isso? Queremos uma solução!
São
mais de cem comunidades que estão em despejo em Porto Alegre “Em Cena”. Esta
cena é que deveria ser mostrada para o mundo. Qual será o futuro da humanidade
se as coisas continuarem assim? Qual será o futuro? Despejo é injustiça. O
próprio nome do magistrado - gostaria que ouvissem isto -, o dicionário define
que magistrado significa uma pessoa que tem a ver com o social e não com a
injustiça. Ele está lá no seu cargo, “dona Justiça”, para fazer justiça com a
comunidade, com o social e, ao contrário, estão matando a lei que diz que o
social tem direito. As áreas onde moram as comunidades, no mínimo, deverão ser
declaradas áreas de utilidade social e negociadas com as comunidades. Injustiça
é colocar as pessoas no meio da rua. No Jardim Leopoldina, no Humaitá, na Vila
Dormênio e em muitas outras comunidades há pessoas que não conseguem dormir à
noite. Gostaria que as autoridades tivessem assistido à cena no Fórum Central,
quando as pessoas saíram chorando, em desespero, porque são ameaçadas noite e
dia de despejo, de serem colocadas no meio da rua. Isso, certamente, é uma das
cenas mais vergonhosas do mundo. Não pode existir humilhação maior para com a
humanidade mais pobre, justamente nos dias em que eles dizem que vão combater a
pobreza. Ou será que combater a pobreza é lançar as pessoas no meio da rua,
provocando uma injustiça muito maior? Não, nós queremos solução.
Este
povo, certamente, se não conseguir uma solução pacífica para o problema e se a
injustiça continuar, não vai deixar as coisas assim. Vamos ter que tomar
medidas mais drásticas. E isso os sem-terra já estão fazendo. Quem não notou
que, quando as verbas foram cortadas, eles vieram dormir na porta do Banco e
conseguiram o que reivindicavam? Será que as autoridades só ouvem quando se
chega ao extremo? Por que será? O que está acontecendo no Brasil não acontece
em dezenas de outros países, porque nesses países não se ouve falar em despejo.
Por que no Brasil isso é uma cena comum? Por que as pessoas, em vez de vir aqui
nesta tribuna reivindicar coisas muito maiores, coisas mais nobres, estão
reivindicando uma migalha, que é não ser lançado, injustamente, no meio da rua?
Por
enquanto não há sinal de melhora, e isso é que é o pior. Este documento que
tenho nas mãos, olhem bem (mostra um documento): o DEMHAB credenciou dezoito
advogados no Fórum Central. Essa máfia de dezoito advogados, que ganha o
dinheiro do povo, está lá para tirar as pessoas das suas moradias, e não para
colocá-las. Será que isso é sinal de que vai melhorar, ou a injustiça vai
aumentar?
Se,
quando eles eram candidatos, dissessem que iriam fazer isso, certamente não
estariam ocupando os cargos que ocupam hoje. Isso aqui é mais um sinal que as
coisas vão piorar e não melhorar.
Diante
disso, gostaria que todos se dessem conta da gravidade do assunto e mudassem o
modo de agir para produzir justiça social e não mais injustiça. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Convidamos o Sr. José Dorizel Ignácio
Kaiper para ocupar um lugar à Mesa.
O
Ver. João Dib está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Meu
caro José Dorizel, V. Sa. iniciou seu pronunciamento com um profundo gemido e a
dor, por certo, ensina a gemer.
Não
é esta a primeira vez, neste ano, que ocupa a Tribuna Popular da Casa, é a
terceira vez, nos últimos tempos. Eu digo, com a tranqüilidade de sempre, que
não colheu frutos. Assim, neste momento, quero sugerir a V. Sa. que o profundo
gemido, que a dor violenta que sofrem os moradores do Jardim Leopoldina, em
especial, pudesse ser levada aos ouvidos do Prefeito, na Praça Montevidéu,
utilizando a Tribuna Popular na forma do Decreto nº 9810 - vou-lhe entregar uma
cópia - na quinta-feira, das 12 horas às 13h30min ou das 18h às 20h, para que a
Associação 24 de Junho possa expressar as suas dores, as suas mágoas e, talvez,
possa me ajudar a obter a resposta: por que o Jardim Leopoldina foi comprado
pelo dobro do preço? Por que permitiram que a Caixa Econômica, a Construtora
Guerino e alguém mais ganhasse? Pode ser que com a Tribuna Popular usada na
Praça Montevidéu - e seria pela primeira vez desde que foi instituída - nós
obtenhamos uma resposta a uma pergunta que há tanto tempo eu venho fazendo.
Saúde e paz. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cláudio Sebenelo está com a
palavra pela Bancada do PSDB.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sr. José
Kaiper, grande liderança do Jardim Leopoldina II na negociação dos valores dos
imóveis, no conjunto residencial; eu gostaria de dizer, em primeiro lugar, que
a Bancada do PSDB está junto e, em segundo, que eu faria, como um Requerimento
para esta Casa, para a participação direta da Comissão de Trabalho e Habitação,
especialmente no que diz respeito à Comissão de Constituição e Justiça, já que
seu Presidente, o Ver. Elói Guimarães, se colocou à disposição.
Quero
dizer também que endosso as palavras do Ver. João Dib e essa dor insuportável,
que tem inúmeras causas e inúmeros problemas, um dia ela vai passar, porque
vocês vão vencer e nós estamos juntos. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Luiz Braz está com a palavra, pelo
PTB.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós, da
Bancada do PTB, Vera. Tereza Franco, Ver. Elói Guimarães, aqui presentes,
queremos cumprimentar o Dorizel, pela persistência, pela força que você tem,
Dorizel, de vir aqui representar a sua comunidade, para dizer das injustiças que
esta comunidade sofre. Você falou dos despejos, das retomadas de imóveis, que
são constantes, hoje, em Porto Alegre. Elas acontecem, simplesmente, pelo fato
desta política nefasta da Administração Popular que faz com que haja aumentos
que não podem ser suportados pela população, aumentos, muitas vezes, superiores
a trezentos por cento. Nós já vimos aumentos de seiscentos por cento e isso, na
verdade, faz com que as pessoas fiquem inadimplentes e sejam levadas a essa
situação de despejos e de retomada dos imóveis. E a Administração do Município
não tem pena, não tem dó. São muitas as ações que temos na Justiça, para que
essas retomadas sejam feitas. Apenas pessoas como você, com esta liderança que
você tem, é que consegue ainda vir à Câmara Municipal e a outros pontos da
Cidade para clamar por justiça, para clamar por ações, que possam ser feitas e
com eficácia.
Eu
acredito que a solução esteja numa grande ação, que poderia entrar na Justiça,
para reivindicar que esta Administração do Município possa-se cingir aos
contratos que são feitos com os mutuários do DEMHAB. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Vera. Clênia Maranhão está com a
palavra.
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Senhor Presidente, Senhoras e Senhores
Vereadores, população porto-alegrense que nos acompanha, quero saudar,
especialmente, os moradores da grande luta que se estabelece, hoje, na Vila
Dormênia, e os companheiros do Jardim Leopoldina e do Jardim Leopoldina II, que
retornam a esta Casa, mais uma vez, trazendo o seu drama e a sua angústia a
respeito de uma problemática que se arrasta há tantos anos e que esta Casa já
ouviu tantas vezes.
Eu
acho que a urgência e o agravamento dos problemas dos moradores do Jardim
Leopoldina II nos impulsionam a tomar uma medida muito mais efetiva, de
pressão, de criação de uma Comissão Especial, como já foi sugerida pelo Ver.
Gilberto Batista, do PFL. Se não tomarmos medidas urgentes, os despejos se
tornarão cada vez mais inevitáveis. Na oportunidade da visita do Secretário
Estadual de Habitação, no Jardim Leopoldina II, ele reafirmou para a população
que não haveria despejo. Na semana passada, eu estive na 5ª Vara e fiquei
impressionada com a ansiedade e o desespero das pessoas - que estavam lá - na
iminência do despejo.
Acho
que não podemos mais deixar a comunidade ser ameaçada de despejo, enquanto o
Poder Público continua fazendo um discurso mas, na prática, acontece outra
coisa.
Acho
que o Jardim Leopoldina é uma das regiões mais importantes da nossa Cidade.
Nós, Vereadores, como representantes da Câmara Municipal de Porto Alegre, temos
que ter uma atuação urgente para por fim a essa situação de despejo e à
situação de absoluta insegurança que vivem aquelas famílias; situação que
tem-se arrastado por muitos e muitos anos. Muito obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Guilherme Barbosa está com a
palavra.
O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sr.
Dorizel, a nossa Bancada tem tentado acompanhar, permanentemente, o problema do
Jardim Leopoldina, até porque conhece, desde o início, o problema e sabe das
dificuldades do DEMHAB em relação a ausência de pagamento, ao grande percentual
de inadimplência que ocorre naquele conjunto. É sabido que quando esta Câmara
aprovou, por unanimidade, a compra pelos valores estabelecidos no início, que
os critérios eram todos estabelecidos pela CEF. Posso afirmar que o DEMHAB tem
todo o interesse em modificar o contrato com a Caixa Econômica Federal, para
permitir que as prestações baixem de valor, porque isso vai significar que o
DEMHAB receberá o pagamento. Hoje é o DEMHAB, vale dizer a Prefeitura, que está
desembolsando um alto valor para cobrir a inadimplência, porque a Prefeitura
está adimplente com a Caixa Econômica Federal. A Prefeitura tem todo interesse
em melhorar o contrato com a Caixa Federal, porque vai ser bom para o DEMHAB.
Enquanto
isso, é sabido que as pessoas que manifestaram, através de documentos, a
impossibilidade de contrair o financiamento, serão alojadas num terreno de alta
qualidade, na Santa Fé, cujas obras já estão sendo feitas pelo DEMHAB. Essa é a
situação que estamos acompanhando, com respeito - embora nem sempre isso tenha
sido feito com os Vereadores da nossa Bancada, há, às vezes, falta de respeito
para com os nossos Vereadores - a luta da comunidade, e estamos junto com ela,
sabendo que se não fosse o DEMHAB, naquela ocasião, com o apoio da Câmara,
haveria um problema tremendo no Jardim Leopoldina, com a Brigada, lá, e assim
por diante. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Queremos agradecer às comunidades do
conjunto residencial Jardim Leopoldina II, Humaitá e Santa Fé, e também, ao Sr.
José Dorizel Kaiper, pela presença.
Registramos,
também, a presença dos dirigentes sindicais da Força Sindical e do Sindicato
dos Comerciários.
Passamos
à
(05 oradores/05 minutos/com apartes)
1ª SESSÃO
PROC.
2831/99 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 153/99, de autoria do Ver. Pedro Américo Leal,
que dispõe sobre a arborização e a construção de canteiros em estacionamentos
com mais de 2.000m² (dois mil metros quadrados).
PROC.
2895/99 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 050/99, de autoria do Ver.
João Dib, que modifica o § 2º do
art. 188 da Resolução nº 1178, de 16 de julho de 1992, e alterações posteriores
( Regimento da Câmara Municipal de Porto Alegre).
PROC.
2924/99 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 51/99, de autoria do Ver. Nereu D’Ávila, que concede o prêmio
literário Érico Veríssimo à jornalista Martha Mattos de Medeiros.
PROC.
2825/99 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 151/99, de autoria do Ver. José Valdir, que
institui o Programa de Prevenção à Violência nas escolas da rede municipal de
ensino de Porto Alegre.
PROC.
2847/99 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 027/99, que autoriza a alienação de dois imóveis
próprios municipais, nos termos do art. 12, inc. I, da Lei Orgânica do
Município.
PROC.
2848/99 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 155/99, de autoria do Ver. Nereu D’Ávila, que
dispõe sobre limite de territorialidade para instalação e exploração da
atividade de bingo permanente prevista na Lei Federal nº 9.615/98.
2ª SESSÃO
PROC.
2741/99 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 138/99, de autoria da Verª Tereza Franco, que
institui a obrigatoriedade de identificação do nome e do telefone da empresa
prestadora de serviço em suas motocicletas de telentrega.
PROC.
2804/99 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 149/99, de autoria do Ver. Nereu D’Ávila, que
altera a redação do § 1º do art. 14 da Lei nº 3187, de 24 de outubro de 1968,
acrescentado pela Lei nº 8134, de 12 de janeiro de 1998, que estabelece normas
para a exploração do Comércio Ambulante e dá outras providências.
PROC.
2824/99 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 150/99, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que
denomina Rua Braille um logradouro irregular localizado no Bairro Rubem Berta.
PROC.
2827/99 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 152/99, de autoria do Ver. Eliseu Sabino, que
denomina Rua Mário Sobroza um logradouro irregular localizado no Bairro Vila
Nova.
PROC.
2852/99 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 156/99, de autoria do Ver. Paulo Brum, que revoga
o parágrafo único do art. 2º da Lei nº 7631, de 04 de julho de 1995, que altera
dispositivos da Lei nº 6442, de 11 de setembro de 1989, que estabelece a
isenção do pagamento das tarifas de transporte coletivo do Município de Porto
Alegre aos excepcionais e seus acompanhantes, aos menores carentes e ao
Movimento Assistencial de Porto Alegre, MAPA, e dá outras providências.
PROC.
2859/99 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 028/99, que dispõe sobre o Sistema Municipal de
Turismo, a estrutura e funcionamento do Conselho Municipal de Turismo, cria o
Fundo Municipal de Turismo e dá outras providências.
3ª SESSÃO
PROC.
2708/99 - PROJETO DE EMENDA À LEI ORGÂNICA Nº 004/99, de autoria do Ver. Guilherme Barbosa, que
altera a redação do § 2º do art. 164 da Lei Orgânica do Município de Porto
Alegre.
PROC.
2780/99 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 144/99, de autoria do Ver. Paulo Brum, que
institui o Dia Municipal de Combate à Fome e à Miséria no Município de Porto
Alegre.
PROC.
2788/99 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 145/99, de autoria do Ver. Paulo Brum, que
estende ao sistema de transporte público de passageiros por lotações os
benefícios de gratuidade previstos nas Leis Municipais nºs 4454, de 19 de
setembro de 1978; 5624, de 18 de setembro de 1985; 6442, de 11 de setembro de
1989; 7631, de 04 de julho de 1995; e 7820, de 19 de julho de 1996, e dá outras
providências.
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, trago,
aqui, um fato que julgo extremamente preocupante do ponto de vista da prática e
do cotidiano da vida democrática em nossa Cidade, em nosso Estado, no nosso
País. Eu observo e, certamente, essa observação não foi feita tão-somente por
mim, mas, também, pelos trinta e três Vereadores desta Cidade que devem ter
recebido, em seus gabinetes, um folheto, um folder,
de qualidade excelente, que daria inveja a qualquer instituição de turismo de
primeiro mundo. Uma folheteria - como se denomina - anunciando o Seminário
Internacional sobre democracia participativa, inclusive trilíngüe: Português,
Espanhol e Inglês. Um material que julgo de excelente qualidade. O Seminário é
sobre democracia participativa e vejam, Srs. Vereadores e ilustre e digna
assistência que enriquece com a sua presença esta Casa, que nesse Seminário que
busca repensar e debater a democracia participativa, com a experiência de Porto
Alegre, não há nenhum espaço para a oposição, para os que pensam diferente da
forma como a estrutura do Orçamento Participativo em Porto Alegre é
implementada. Eu pergunto a V. Exas. se podemos fazer democracia, Vera.
Maristela Maffei, sem a existência do contraditório, das concepções antagônicas
e do respeito às maiorias e às minorias.
Eu
observo, Sr. Presidente, que a nota explicativa desse Seminário, nesse
belíssimo folder, diz: “...propiciando
a discussão e a troca de experiências. O Seminário Internacional sobre
Democracia Participativa pretende contribuir com a ampliação e o aprofundamento
de iniciativas que promovam a ação direta do cidadão sobre os seus governantes,
ao mesmo tempo, que possibilitará a aprendizagem e o repensar crítico do modelo
de participação popular adotado em Porto Alegre.”
Ora,
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, como é que nós vamos repensar, criticamente,
se a oposição não tem espaço para dizer o que pensa num Seminário sobre
democracia? Mais um dado, profundamente elitista, repito, profundamente
elitista. Primeiro a crítica e o lamento de um Seminário sobre democracia
participativa, em que só se ouve o lado da Administração Municipal, quando
tramita nesta Casa um Projeto que apóia o Orçamento Participativo, mas quer
vê-lo institucionalizado. É apenas o debate de idéias, é a discussão, o
aprofundamento. São nove figuras da Cidade de Porto Alegre, oito são do PT.
Ora, eu não vou dizer, Ver. Hélio Corbellini, que é uma grosseria com o PSB e
que ignora o Deputado Estadual Bernardo de Souza, que foi o introdutor da democracia
participativa no Estado do Rio Grande do Sul. Não vou falar das nossas
experiências, do PDT, sobre os Conselhos Populares, que se constituem em lei na
Cidade de Porto Alegre; não vou falar da posição dos socialistas do PPS, que
têm uma proposta concreta sobre o Orçamento Participativo.
Eu
pensei, Srs. Vereadores, que eu já havia visto de tudo, mas cada vez me
equivoco mais, quando eu penso que já vi tudo em matéria de política,
espanta-me um seminário sobre democracia que mais tem a ver com um comportamento
autoritário, onde não há oposição, onde não são convidadas figuras divergentes,
opositoras. Exemplificando: o Presidente da Assembléia Legislativa tem uma
proposta dos Conselhos Municipais de Desenvolvimento dentro do Legislativo, ele
poderia expô-la no Seminário Internacional, que traz figuras do exterior, mas
não se ouve a oposição. Isso me lembra muito, dentro de uma estrutura
democrática, mas de uma estrutura autoritária de uma ditadura cruel que houve
na América Latina, a ditadura do Paraguai de Alfredo Stroessner, onde o Sr.
Domingos Lainel, opositor, só podia fazer a distribuição do jornalzinho da
oposição no entorno do Hotel Guarani, no Centro da Cidade de Assunção.
Lamento
profundamente esse mau exemplo que a Administração Municipal dá quando vai
fazer um seminário sobre democracia e não convida a oposição e as correntes de
pensamento da sociedade porto-alegrense e rio-grandense, através de notáveis
figuras intelectuais, como o Professor José Tavares e outros, para expressarem
seus posicionamentos. Não falo nem dos Vereadores, se fosse de um partido
político, já seria válido convidar correntes antagônicas.
O
Seminário é da Cidade de Porto Alegre, e a Câmara Municipal se vê completamente
alijada desse processo: nenhum membro da Câmara Municipal é convidado para dar
uma posição divergente. Só podemos dizer que é um Seminário Internacional,
coincidentemente no momento em que se vai votar o projeto sobre a legalização
do Orçamento Participativo na Cidade de Porto Alegre. É um Seminário Internacional
sobre democracia onde a oposição não é ouvida. Triste exemplo. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Anunciamos um acordo feito pelas
Lideranças, pois no dia 1º de outubro completa quinze anos de fundação da
Associação dos Jovens Empresários, e houve um acordo para que no dia 29 de
setembro se utilize o início da Sessão para que as Lideranças homenageiem essa
entidade.
O
Ver. Elói Guimarães está com a palavra para discutir a Pauta.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, em
Pauta o Projeto de autoria do Ver. José Valdir que institui o Programa de
Prevenção à violência nas escolas da rede municipal de ensino de Porto Alegre.
Eu
penso tratar-se de uma iniciativa bastante importante, e temos discutido, aqui,
em algumas oportunidades, a violência que tem, nas proximidades das escolas,
produzido uma série de conseqüências, muitas, silenciosas.
Nós
temos tido alguns contatos com escolas, conversado com diretoras, professoras e
pais, e podemos, hoje, tranqüilamente constatar que as escolas - vejam bem o
que eu vou dizer - pedem socorro. Trata-se de uma instituição, de um pólo que
está extremamente fragilizado, porque o que a escola, hoje, representa, quais
os mecanismos e os suportes de segurança, senão a figura brava da diretora e da
professora, enfrentando toda uma complexidade que, por incrível que pareça,
interage interna e externamente. A escola, vejam bem, nas circunstâncias em que
está vivendo, está pedindo socorro, e, muitas vezes, de forma silenciosa pelas implicações
que têm.
Eu
diria que em determinadas áreas, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, educadores
estão reféns de determinadas situações de alta complexidade. Essa verdadeira
rede de relações que a iniciativa do Ver. José Valdir propõe é digna do debate,
de uma análise e de providências. Nós podemos até achegar algumas disposições
no sentido de melhorar a iniciativa, pois, Ver. Luiz Braz, é uma iniciativa
importante, e temos que trabalhar nessa área.
Há,
por exemplo, a questão ligada às drogas, todos sabem. E eu fico a indagar, Sr.
Presidente, Srs. Vereadores: será que a autoridade de Segurança não tem ciência
de muitos e muitos acontecimentos que se desenvolvem - repito -, de forma
silenciosa, no entorno dos educandários, das escolas? É uma questão de alta
complexidade, chamo a atenção da Casa.
Ontem
assistimos à cassação, bem-vinda, de um parlamentar que nada mais era do que
alguém que comandava uma rede de narcotráfico, não sei se no País, mas
comandava na região pela qual foi eleito. Por outro lado, causou-nos surpresa
absoluta que mais de quarenta parlamentares, quarenta e um, diz o Ver. Pedro
Américo Leal, votaram a favor da permanência do referido parlamentar. Vejam bem
que complexidade estamos vivendo. E essa complexidade, resguardada a sua
dimensão, hoje cerca as escolas. Portanto, o Projeto do Ver. José Valdir tem
que ser muito discutido por nós. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Vereador João Dib está com a palavra
para discutir.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, um dos
momentos mais importantes nas nossas Sessões Ordinárias, nas segundas, quartas
e sextas-feiras, é, sem dúvida nenhuma, a Pauta. É quando nós conhecemos os
projetos de lei, quando nós debatemos os projetos de lei e projetos de
resolução apresentados pelos Vereadores ou pelo Executivo. E hoje nada menos do
que 15 projetos estão na Pauta. Evidentemente em cinco minutos não podemos
analisar talvez nenhum deles com a profundidade que merece. Mas, para que sejam
alertados alguns Vereadores, eu vou fazer uma rápida passagem sobre alguns que
considero importantes. O Ver. Pedro Américo Leal apresenta o primeiro Projeto,
que prevê a arborização e construção de canteiros em estacionamentos com mais
de 2 mil metros quadrados. É uma medida interessante, inteligente e simples. E,
com sensibilidade, ele diz que a SMAM vai escolher o tipo de árvore a ser
utilizado para que o prejuízo seja o menor possível.
Eu
sempre digo, também, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, que nós não precisamos de
mais leis. Mas eu estou apresentando um Projeto de Resolução, em cuja Exposição
de Motivos eu digo que “a pátria não é ninguém, são todos. E cada qual tem no
seio dela o mesmo direito à idéia, à palavra, à associação. A Pátria não é um
sistema, nem uma seita, nem um monopólio, nem uma forma de governo. É o céu, o
sol, o povo, a tradição, a consciência, o lar, o berço dos filhos e o túmulo
dos antepassados, a comunhão da lei, da língua e da liberdade.” Estas palavras
são de Ruy Barbosa e me levaram a fazer a apresentação de uma alteração no
Regimento, para que a nossa Pátria seja homenageada condignamente, no mínimo,
na Semana da Pátria. Nós precisamos que a Pátria seja respeitada todos os dias!
Mas, no mínimo, na Semana da Pátria nós precisamos de um pouco mais de carinho
e profundo que nós devemos ter todos os dias.
O Sr. Pedro Américo Leal: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Já que V. Exa. me deu a honra de citar o meu Projeto, eu queria
dizer que me fere a vista e me revolta ver aquele estacionamento do Big
Shopping Cristal. Aquilo é uma afronta, um deserto, um completo deserto; é
contra isto que eu me sublevo.
O SR. JOÃO DIB: A árvore tornará o estacionamento mais
acolhedor e inclusive protegerá os veículos, dará mais sombras, dará mais tranqüilidade
a todos nós.
Mas,
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Executivo Municipal num Projeto que em 1997
era colocado, na capa do Projeto do Executivo, “urgente”, faz hoje, a
proposição de uma venda, autoriza a alienação de dois imóveis, próprios municipais,
nos termos do Artigo 12 da Lei Orgânica do Município. Muito interessante a
preocupação do Município em vender áreas que hoje estão com subabitações para
colocá-las em outro local que não sei se é o melhor, mas não vou analisar isso
nesse momento que eu disse que cinco minutos não daria para fazer a análise
profunda de cada um dos Projetos, mas isso me leva a uma reflexão. Eu fui
ludibriado e guardei, não com ressentimento, mas com mágoa, aquela proposição
feita aqui quando o Shopping do Cristal, que o Ver. Pedro Américo Leal quer
colocar árvores lá no estacionamento do Supermercado Big. O Shopping do Cristal
precisava, para que se ele fosse construído, estabelecer o regime urbanístico,
e eu pedi uma Comissão Especial para analisar o regime urbanístico. A Bancada
do PT pediu-me que eu retirasse o meu requerimento, porque nós faríamos com o
apoio da Bancada do PT uma Comissão Especial para analisar o segundo Projeto
quando haveria a desafetação e quando nós estabeleceríamos condições para a
instalação definitiva com a entrega por parte da Prefeitura de cinqüenta e oito
mil metros quadrados para o Shopping, que foram calculados a cinqüenta e dois
reais o metro quadrado. E agora, nesses dois terrenos os cálculos de metro
quadrado são de 230 reais e 256 reais. Eu fui fraudado naquela oportunidade,
porque, quando deveriam encaminhar o Projeto de Lei, duas ou três semanas
depois, não o fizeram - não cumpriram a palavra -, mandaram-no cinco meses e
meio depois, e a primeira medida tomada foi o pedido de urgência, e não o
pedido da constituição de uma comissão especial para analisar um projeto que
dizia respeito à vida da Cidade. Saúde e paz! Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Adeli Sell está com a palavra
para discutir.
O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, na
terça-feira, na Comissão de Economia, Finanças e Orçamento, ouvimos um
especialista em turismo. Ontem, na Comissão, ouvimos a Sra. Silber tratar da
Incubadora Cultural, que desembocou em propostas para o turismo; ontem, tivemos
o 9º Fórum do Turismo. Na pauta dos trabalhos de hoje, em 2ª Sessão de Pauta,
estamos discutindo um Projeto do Executivo, que trata do Fundo Municipal do
Turismo e trata do Conselho. Gostaria de dialogar com todos os Vereadores, em especial,
com o Ver. Antonio Hohlfeldt, para discutirmos essa proposição do Executivo
Municipal.
Nós
temos uma profunda preocupação para que, neste ano, de forma imediata, sem
atropelos, mas discutindo com o conjunto da Casa, tenhamos a imediata
constituição do Conselho Municipal do Turismo e do Fundo Municipal do Turismo,
até porque há uma polêmica na Cidade, e não há dia em que o rádio ou o jornal
não discutam a questão do conflito que está havendo entre a tradicional rede
hoteleira da Cidade, com seus quarenta hotéis constituídos, e a projeção ou a
construção de dezessete flats e apart-hotéis. São nomes novos,
sofisticados, em inglês, que aparecem em letras garrafais em fotos coloridas de
todos os jornais.
Ontem
eu vi uma grande contradição: numa grande e bela propaganda falava-se em flat, mas a empresa multinacional,
coligada, chama-se choice hotels. Em
português, hotel. Sabemos que são serviços de hotelaria. Temos de discutir
essas questões. Estou em um debate político, fraterno, com o Ver. Isaac Ainhorn,
e outros vereadores, discutindo essa questão, inclusive da isonomia tributária,
da justiça fiscal.
Estamos
discutindo várias questões ao mesmo tempo, Ver. Isaac Ainhorn, mas que tratam
do turismo.
O Sr. Isaac Ainhorn: V. Exa, permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Quero dizer que concordo plenamente com V. Exa., quanto à isonomia
de tratamento tributário aos hotéis e apart.
hotéis. Aliás, essa isonomia teria que se dar em um patamar que não é esse que
os hotéis hoje pagam de tributo: 5% sobre toda a sua estrutura, receita bruta,
de ISSQN. Portanto, concordo e digo: as alterações propostas por mim, pelo Ver.
Lauro Hagemann, pelo Ver. Luiz Braz, no Plano Diretor, vão legitimar o projeto
de V. Exa, que passa a cobrar ISSQN dos
apart hotéis.
Penso
que eles têm que vir , mas têm que contribuir com a Cidade, do ponto de vista
do seu desenvolvimento. E contribuir com a Cidade, fazendo o que todo mundo faz
nesta Cidade faz: pagando impostos.
O
SR. ADELI SELL: Obrigado,
Ver. Isaac Ainhorn. Temos, evidentemente, alguns pontos divergentes sobre essas
emendas do Plano Diretor, mas vejo, positivamente, que V. Exa. concorda com a
isonomia tributária, com a justiça fiscal.
Queremos
insistir que 5%, efetivamente, é um valor alto para um tributo, quando há uma
certa estabilidade da moeda. Mas quero lembrar que estamos criando, Ver. Elói
Guimarães, o Fundo Municipal do Turismo, que parte , significativamente, do
tributo que os hotéis tradicionais já pagam em Porto Alegre e que irá para esse
Fundo, para incentivar o turismo. Ou não será incentivo ao turismo a
inauguração, que para o meu prazer, teremos amanhã à tarde, da Feira do Disco,
em plena praça da Alfândega?
Então,
no momento do Porto Alegre Em Cena, com as casa lotadas, a inauguração da Feira
do Disco, a discussão da tributação de flat,
apart hotéis, a discussão do Fundo
Municipal, do Conselho Municipal, esta Casa, este Município, discutem um novo
vetor de desenvolvimento, geração de emprego e renda da nossa Cidade, que é a
questão do desenvolvimento do turismo. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. ANTONIO HOHLFELDT (Questão de
Ordem): Sr. Presidente,
eu aguardava a presença de V. Exa., por uma questão de respeito. O Ver. Isaac
Ainhorn, há poucos momentos, abordou a questão do Seminário Internacional que
será realizado aqui em Porto Alegre, e protestou, exatamente, pela
partidarização. Recebi, há alguns dias, um folder,
em torno de um seminário de regulamentação e impacto nos estados e municípios
das Emendas Constitucionais nºs 19 e 20. Esse Seminário é promovido pela Câmara
Municipal de Porto Alegre, Comissão de Constituição e Justiça, SINDICÂMARA,
Associação de Procuradores do Município e AIAMU. O que me preocupa é a presença
da Câmara como promotora, o que, curiosamente, nesse Seminário, embora
pluripartidário, é um seminário que, na verdade, não é seminário, não terá
debate nenhum. Todos os expositores que participam, Dep. Federal Henrique
Fontana, Dep. Federal Alceu Collares, Dep. Federal Jarbas Lima, Dep. Federal
Jair Soares, Dr. Rogério Favreto e Luís Alberto Santos, Assessor da Liderança
do PT na Câmara dos Deputados, têm exatamente a mesma posição: são contra. Eu
estranho que a Câmara Municipal de Porto Alegre, que é pluripartidária, faça um
seminário onde apenas uma posição será expressa, que, aliás, não será
seminário, porque em seminário a gente discute posição.
Faço
a indagação se é de conhecimento da Mesa Diretora, porque estranhei que se faça
um seminário onde as duas posições não existem, existe apenas um
posicionamento, que é o contrário, pois é pública a posição dos Deputados
convidados.
O SR. PRESIDENTE (Nereu D’Ávila): Vossa Excelência, Ver. Antonio Hohlfeldt,
tem todo direito, como qualquer outro Vereador, em questionar essa situação.
Fico contente com a presença do Ver. Elói Guimarães no Plenário porque, na
realidade, a Mesa e esta Presidência somente anuíram com a realização de tal
Seminário, tanto que a responsabilidade é toda da Comissão de Constituição e
Justiça, inclusive a questão dos próprios convidados. Esta Presidência também
se negou a fornecer passagens para os convidados, ficando por conta dos
patrocinadores. Estou respondendo por parte da Mesa Diretora e da Presidência,
mas o Ver. Elói Guimarães está solicitando a palavra, e poderá esclarecer
melhor o assunto.
O SR. ELÓI GUIMARÃES (Esclarecimento): Sr. Presidente, acho, inclusive,
oportuna essa colocação do Ver. Antonio Hohlfeldt. O fato de constar o nome da
Câmara Municipal de Porto Alegre é porque está ali a Comissão de Constituição e
Justiça, porque não ficaria bem constar Comissão de Constituição e Justiça,
deixando o continente, que é a Câmara Municipal de Porto Alegre. É nesse
sentido que consta o nome desta Casa já que a sua contribuição reduz-se à
infra-estrutura. As verbas decorrentes de deslocamento, etc., correm por conta
das entidades que promovem. Obrigado.
O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente, não acompanhei o início
da discussão levantada pelo Ver. Antonio Hohlfeldt, mas quero fazer um
registro. E o faço com a maior isenção possível.
Parabenizo
o SINDICÂMARA pela iniciativa. Este Vereador, não faz três meses, teve contra
si uma assembléia-geral dos trabalhadores desta Casa, promovida pelo próprio
SINDICÂMARA, face a atitude tomada em pronunciamento feito na tribuna.
Reconheci isso como um direito dos trabalhadores e não me rebelei, soube
entender a crítica recebida, mesmo dela discordando. A partir do momento que o
SINDICÂMARA promove um debate dos mais importantes, porque hoje vivemos uma
fase que, diria, visceral, de retirada dos direitos dos trabalhadores promovida
pelo Governo Federal, consubstanciada na Emenda Constitucional nº 19 e na
Emenda Constitucional nº 20. E a partir do momento que o SINDICÂMARA toma a
iniciativa de promover esse debate, independentemente de quem participe, não
vejo por que receber crítica no sentido da não-realização, de não receber o
apoio da Câmara de Vereadores. Acho que a Câmara de Vereadores tem a obrigação,
independentemente de quem sejam os oradores, porque o Sindicato não pertence a
um partido, mas aos trabalhadores desta Casa. A participação equânime de
bancadas depende do interesse e depende da posição de cada uma. O Sindicato tem
autonomia para escolher quem deva participar do Seminário. E acho que a Câmara
de Vereadores, no sentido da Mesa Diretora, deveria apoiar essa iniciativa.
Obrigado.
O SR. PRESIDENTE: Ver. Juarez, o questionamento do Ver.
Antonio nem foi quanto a Câmara, mas quanto ao leque de palestrantes ou de
componentes e que não ensejou um contraponto de um pensamento contrário ou
favorável ao Partido que ele representa. O cerne da questão levantada pelo Ver.
Antonio foi mais ou menos esse. Mas o Ver. Elói explicou que a presença da
Câmara ali é praticamente institucional. Na verdade, foi uma proposta da
Comissão de Justiça, aí a questão se desloca e o Ver. Elói Guimarães deu o
devido esclarecimento.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT (Esclarecimento):
Sr. Presidente, acho que
o Ver. Juarez Pinheiro pegou a questão andando e não entendeu nada do que
levantei. A minha indagação única - não me cabe questionar o SINDICÂMARA, ele
tem absoluta autonomia -, a minha questão única se prendeu à área institucional
da Casa. É isso que me cabe. O SINDICÂMARA não me cabe nada, eu concordo, eu
discordo, este é outro problema. A minha indagação foi em torno da participação
da Câmara, em torno da participação da Comissão. Eu respeito a posição do Ver.
Elói Guimarães, agora mantenho, Sr. Presidente, agora então não mais só em
indagação, mas mantenho como posição, o meu protesto. Lamento que um Seminário,
que quer debater, não faça o contraponto, porque na verdade este Seminário não
vai ter contraponto. Mantenho respeitosamente, Ver. Elói Guimarães, sem nenhum
problema, mas deixo registrado o meu protesto que é um seminário que não tem
contraponto.
O SR. JUAREZ PINHEIRO: Quem não entendeu nada até agora foi o
Ver. Antonio Hohlfeldt. Obrigado.
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra
para discutir a Pauta.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, na
Pauta de discussão preliminar o Projeto de Lei do Executivo que dispõe sobre o
Sistema Municipal de Turismo, a estrutura do Conselho Municipal de Turismo e
cria o Fundo Municipal de Turismo. Nós vamos ajudar a aperfeiçoar este Projeto,
porque é um Projeto que cria um sistema de turismo para a Cidade de Porto
Alegre, numa Cidade vocacionada para o turismo, onde o turismo é esquecido, e
vem o projeto positivamente. Indica um posicionamento bom, nós vamos trabalhar
em cima desse Projeto e apresentar as alternativas, emendas e propostas para
aperfeiçoar, ao mesmo tempo que lamentamos uma atitude antiturística do
Prefeito Raul Pont, porque só as idéias dele são boas, na opinião dele.
Este
Vereador apresentou um projeto, de resgate de uma tradição centenária desta
Casa, que é a abertura dos portões do Mercado Público aos domingos, facultando
àqueles que a Lei permite abrir seus estabelecimentos aos domingos, a abertura
dos portões, tão somente, para que as pessoas possam promover a visitação
pública daquele espaço. Esse Projeto tramitou durante muito tempo nesta Casa,
foi votado há cerca de um mês, inclusive com os votos favoráveis da Bancada do
Partido dos Trabalhadores, e surpreendentemente, pasmem V. Exas., o Prefeito
vetou.
O Sr. João Dib: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) V. Exa. lembra muito bem que este Projeto tem que ser muito bem
examinado. Acho que há um pouco de falta de ética nesse Projeto. O Prefeito,
meio que sorrateiramente, coloca a extinção da EPATUR, coisa que esta Câmara já
rejeitou. De repente, os vereadores despercebidamente podem permitir que ocorra
aquilo que, reiteradamente, já demonstramos que não queremos, a extinção da
EPATUR.
O SR. ISAAC AINHORN: Adverte bem, V. Exa., com experiência
municipalista de muitos anos, do cuidado que devemos ter.
Embora
esta Casa tenha negado autorização para extinção da Empresa Porto-Alegrense de
Turismo Sociedade Anônima, onde o Município detém o controle acionário, sabe V.
Exa. que o controlador majoritário elegeu outro caminho, o caminho ao lado da
lei. Como não conseguiu a extinção da EPATUR, o Prefeito elegeu o caminho do
esvaziamento da Empresa. Aliás, essa matéria tem sido pouco aprofundada nesta
Casa, porque não se pode tirar de uma empresa pública a sua estrutura de
funcionamento e simplesmente, num passe de mágica, ser repassado a um outro
órgão da Administração Centralizada, sem passar pelo crivo do Legislativo
Municipal, e essa matéria não passou. Acredito que este Projeto do Sistema
Municipal do Turismo vai-nos permitir isso, vai permitir que esta Casa construa
alternativas para o turismo na Cidade de Porto Alegre.
Gostaria
de, particularmente, elogiar o esforço minoritário que faz o Ver. Adeli Sell,
que busca como uma voz sozinha, como se fosse um Dom Quixote, estimular o
turismo. No entanto, o seu esforço muitas vezes não constrói. Mas, agora, vai
construir porque ele tem um projeto que cria tributo, ele tem uma discutível
constitucionalidade, porque nós não temos iniciativa em matéria tributária, mas
ele gera o ISSQN para os flats e apart hotéis.
Acho ótimo, acho que não há prestação de serviço que possa ficar isenta até
porque as outras estruturas hoteleiras pagam ISSQN. Regularizando essa
estrutura de flats e apart hotéis a
primeira medida a se tomar é aprovar o Projeto do Ver. Adeli Sell estabelecendo
ISSQN para esse tipo de atividade.
Aliás,
dia 30 está aí, Vereadores, último dia para o Prefeito Municipal apresentar a
proposta orçamentária nos termos regimentais da Lei Orgânica. Os Senhores sabem
que essa proposta orçamentária vem recheada com uma minireforma tributária que,
dentre outros aumentos, cria aumento efetivo acima da inflação do Imposto
Predial e Territorial Urbano. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Ver. Clênia Maranhão está com a palavra
no período de Pauta.
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu
quero me referir, neste período destinado à discussão dos projetos que estão em
andamento nesta Casa, especificamente ao Projeto de autoria do Ver. José
Valdir, que institui o programa de prevenção à violência nas escolas na rede
municipal do ensino de Porto Alegre. Evidentemente, um projeto que trata de uma
questão tão polêmica, grave e urgente será objeto de várias discussões no
decorrer das próximas Sessões.
Eu
queria iniciar esta discussão colocando que a situação de violência da
sociedade, de uma maneira geral, influi na violência que ocorre dentro das
instituições. Porém, se nós limitarmos a nossa análise a essa questão maior da
sociedade, estaremos isentando o Poder Público, em qualquer esfera de poder, da
sua responsabilidade de criação de políticas públicas na defesa da cidadania e
uma questão básica e fundamental para todos os cidadãos, homens e mulheres, e
em todas as suas faixas etárias, que é a questão da sua segurança, da garantia
do seu direito de ir e vir e da sua integridade.
O
Projeto do Vereador institui um programa de prevenção à violência nas escolas,
apresentando itens extremamente gerais, sugerindo a criação de um fórum com a
incorporação do Ministério Público e da OAB, que são instituições, evidentemente,
de atuação e de responsabilidade fora da abrangência municipal. Mas eu queria
colocar aqui que alguns problemas concretos, do ponto de vista da política
pública, se não forem equacionados, se não forem enfrentados e modificados, não
conseguir-se-á enfrentar e resolver efetivamente a questão da violência nas
escolas de Porto Alegre. O Projeto servirá mais como um pano de debate e mais,
talvez, como uma cortina de fumaça para esconder uma realidade extremamente
grave que acontece nas escolas de Porto Alegre, hoje. É claro que a falta de
perspectiva dos reajustes dos professores, nas escolas públicas do Estado, tem
aumentado o nível de tensão nas escolas. É lógico que as tentativas
autoritárias de acabar com a gestão democrática nas escolas eleva o nível de
tensão nas escolas. É evidente que uma política autoritária que desrespeita as
entidades estudantis e uma política que faz com que as decisões da Secretaria
de Educação do Estado, que tem muitas escolas do Município de Porto Alegre, que
procura substituir a organização autônoma dos estudantes aumenta a tensão nas
escolas.
Nós
tivemos, recentemente, um caso brutal em Porto Alegre, que aconteceu em frente
a Escola Otávio Rocha, no Bairro Partenon, onde um aluno, do turno da noite,
foi morto na porta da Escola. Os senhores imaginem o que é o drama de uma
família que vê o seu filho indo para a escola e saber que ele foi assassinado
na porta da escola. Os enfrentamentos entre os alunos e as escolas têm
aumentado em Porto Alegre.
Evidentemente
que a retirada dos guardas, da segurança das escolas, que era um projeto que
estava implantado nas escolas, diminuiu a possibilidade de segurança nas
escolas. Não é possível que se discuta segurança nas escolas e não se fale da
retirada dos guardas de segurança das escolas, que protege até os prédios, no
horário noturno. Além do que, não há, hoje, nenhuma política de preparação dos
guardas que estão lá para enfrentar a realidade das gangues, a realidade da
violência.
Para
concluir, Sr. Presidente, eu acho que o Projeto do Ver. José Valdir é um
projeto importante para nós discutirmos, nesta Casa, os caminhos da democracia
e os caminhos da segurança nas escolas em Porto Alegre. Muito obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
A SRA. HELENA BONUMÁ (Requerimento): Sr. Presidente, nos termos do artigo 94
do nosso Regimento, eu peço Tempo Especial para o relatório da viagem que eu
participei, representando esta Casa.
O SR. PRESIDENTE: Eu concedo a .Exa. o Tempo Especial. A
Vera. Helena Bonumá está com a palavra.
A SRA. HELENA BONUMÁ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, venho a
esta tribuna para fazer um informe da viagem que fiz à Bélgica, de 15 a 20
deste mês, para participar da Conferência Internacional de Gênero e
Globalização, onde fui representando esta Casa. Trouxe diversos materiais que
foram distribuídos nessa Conferência, que estou deixando na biblioteca da Casa
para que os demais Vereadores possam ter acesso.
Quero
dizer que a viagem foi um momento extremamente marcante de reflexão sobre a
condição feminina no mundo atual. Foi uma Conferência organizada por
Organizações Não-Governamentais de mulheres, apoiada pelo Governo da Bélgica.
Os Países participantes foram: Bélgica, Espanha, França e Portugal, que eram os
Países europeus; da África participaram Cidade do Cabo, África do Sul, Mali e
Congo; Filipinas, México e Brasil.
Foi
um processo de análise profunda, inclusive, foi-nos colocado a situação da
mulher com a unificação européia, principalmente, em relação ao trabalho, com
unificação de algumas políticas que estão-se desenvolvendo a partir daí,
principalmente, políticas em relação à renda, habitação, ao desenvolvimento,
tanto urbano como rural, e a inserção das mulheres neste desenvolvimento. Isso,
principalmente, na Bélgica e na França. Verificamos, evidentemente, uma
situação extremamente desigual entre a condição que a população vive nesses
Países e a condição que vivemos, enquanto cidadãos e cidadãs, da África do Sul,
do Brasil e do México. Lembrei-me lá do processo que fazemos de discussão dos
500 anos, porque verificamos que a transferência de riqueza, que ao longo de
todo esse processo houve do nosso Pais, da América Latina, da África para o
Primeiro Mundo, ao longo de todos esses anos de colonização, tem resultado em
diferenças muito significativas nas condições de vida, no acesso dessas
populações ao desenvolvimento.
Uma
coisa que se verifica tanto aqui como lá, é evidente que aqui de uma forma
muito mais intensa, na África e na América Latina, é o processo de feminização
da pobreza, onde na crise econômica em que os nossos Países vivem a situação da
mulher se precariza, se agudiza mais ainda do que a dos homens, demonstrando
que os índices de desemprego são maiores entre as mulheres do que entre os
homens; demonstrando um percentual elevado, e até surpreendente, de mulheres
que são chefes de famílias, o que significa mulheres que têm parceiros
desempregados ou mulheres que sustentam a família porque não têm mais
parceiros, apenas, elas e os filhos, num quadro onde o desemprego feminino é
maior.
Verificamos
uma qualificação maior das mulheres, tanto nesses países do Primeiro Mundo como
nos países subdesenvolvidos. Também verificamos um acesso médio a maior das
mulheres à escolarização, inclusive na capacitação profissional, mas isso não
se reverte no sentido da garantia de emprego e, muito menos, em a mulher tendo
um emprego, na garantia de salários melhores.
De
qualquer forma, vemos que esse processo de crise penaliza ainda mais as
condições da mulher, também porque as políticas cortadas são, na maioria das
vezes, políticas sociais que vinham em apoio à situação da mulher, tanto em
relação ao cuidado dos filhos, como ao trabalho doméstico, enfim, à toda a
carga que a mulher tem na reprodução.
Os
temas tratados mais especificamente foram a habitação, e toda uma preocupação,
principalmente de países como a África do Sul, onde os percentuais de mulheres
que sustentam as suas famílias são muito mais elevados, com políticas para as
crianças, garantia não só de creches, mas de assistência social para elas,
garantia de habitação para essas famílias que são compostas de mães e de
filhos.
Na
África, ainda há a situação da guerra, que abala muito as condições de vida
daquele povo.
O
saldo que trazemos não é um saldo que nos entusiasma, do ponto de vista da
realidade dura que as mulheres vivem em todo o mundo. Isso é a expressão que
nós conhecemos aqui no nosso País, no Brasil, e verificamos que isso é um
quadro mais ou menos geral.
Nós
fomos visitar escolas infantis, habitações populares, organizações de mulheres
que produzem para a geração de renda, na Bélgica, e verificamos ações possíveis
de serem feitas, mas ações que estão inseridas naquele contexto, onde as
pessoas têm direitos sociais assegurados, têm previdência, salário,
seguro-desemprego, onde a preocupação com cada cidadão que nasce é de que ele
tenha a saúde garantida, de que tenha acesso à educação; e as creches que
existem lá - muito interessante isso - as crianças vão para as creches após o
horário da aula, porque elas têm um turno integral garantido e a escolarização
é para todos.
Verificamos
que as políticas neoliberais, que lá também se desenvolvem, têm penalizado a
mulher, tem havido esse processo de feminilização da pobreza, como o Movimento
Feminista tem colocado. Cabe a essas organizações tentar, orientadas pela
Conferência de Pequim, em 1995, que foi a última grande reunião que o Movimento
Feminista fez no mundo, fazer um balanço do que realmente está acontecendo em
termos de resistência das mulheres, o que está acontecendo em termos de
ofensividade, no sentido de fazer com que os governos assumam as políticas de
proteção à mulher, em relação ao mercado de trabalho, a inserção da mulher no
desenvolvimento, garantia de não-discriminação no trabalho, políticas
relacionadas às crianças e a questão da educação, da cultura, do lazer, do
combate à violência, que é um elemento que tem crescido imensamente,
principalmente nos países como o Brasil e a África, a violência contra a mulher
e contra a criança. Mesmo que até existam conquistas políticas do Movimento de
Mulheres nessa área, verifica-se que essas políticas são totalmente
ineficientes, porque a violência se disseminou no tecido social como uma coisa
do cotidiano das pessoas. Evidentemente que subjugada a governos onde a questão
social não é prioridade, a violência social se reproduz, porque a marginalidade
se reproduz, e temos um contingente da nossa população que é tornado
descartável pelas políticas que os governos desenvolvem, orientados por esses
modelitos do FMI, que acaba levando os nossos recursos para fora do Brasil,
como tem sido há quinhentos anos.
Com
certeza, foi um momento importante de reflexão sobre a condição da mulher no
mundo, e fica o testemunho, a experiência de que há organizações de mulheres
lutando contra essa dura realidade em todo o mundo, querendo que os governos se
voltem mais para a questão social, para o respeito à natureza, para um modelo
sustentável de desenvolvimento, onde a vida humana tenha outro valor, seja
respeitada, onde as crianças tenham uma outra possibilidade de futuro e as onde
as mulheres tenham um papel assegurado no desenvolvimento e tenham o direito à
participação e sejam consideradas cidadãs de primeira categoria.
Foi
reforçada a questão de equiparação de direitos. A nossa luta, evidentemente,
não é contra os homens, mas, sim, por um sistema mais democrático a que todos
tenham acesso. Foi discutida, também, e apresentada a situação dos países
europeus que recebem as mulheres refugiadas do Kosovo e do Timor. Esses
acontecimentos estão abalando muito os países da Europa. Vimos muita
manifestação nas ruas, nos prédios, nos ônibus.
Quando
cheguei lá, chegou, junto comigo, um avião de Marrocos. Desceu aquela população
toda de Marrocos, completamente diferente da população belga. Nós ficamos
sabendo, extra-oficialmente, que havia um tipo de campo de concentração de
marroquinos em estado ilegal no país para serem deportados de volta para o seu
país; havia acampamentos de marroquinos dentro de catedrais. Uma relação
bastante conflituosa em relação a esses imigrantes que buscam melhores
condições de vida nos países do Primeiro Mundo, dada a miséria que encontram em
seus países.
Ficou
reafirmado o objetivo e a importância da continuidade da luta dessas
organizações de mulheres para que coloquemos esta realidade e essa necessidade
de políticas e de luta nos espaços que nós ocupamos, como parlamentos,
governos, movimento sociais, enfim, todos os espaços a que temos acesso, à
imprensa, que questionemos essa realidade e que busquemos o compromisso efetivo
dos nossos governos, dos nossos representantes públicos no sentido de uma luta
para que essa condição de vida se altere.
Sabemos
que não se trata só de as mulheres terem melhor acesso econômico, a emprego e a
melhores condições de vida, isso é um problema do conjunto da população em
países com as características do nosso, Ver. Pedro Américo Leal, países como os
africanos, onde o conjunto da população está mergulhada numa situação de
pobreza.
O
Brasil, todos nós conhecemos, é muito pobre e muito rico, e a concentração de
renda é uma das maiores do mundo. Nós sabemos que, aqui, temos condições de
alterar essa situação, basta que tenhamos um governo federal de caráter
popular, democrático e preocupado em tornar acessível todo o nosso acúmulo em
termos de desenvolvimento para o conjunto da população. Isso passa por reforma
agrária, passa por controle público sobre os recursos públicos e passa por
privilegiar as questões sociais onde as crianças e as mulheres estarão mais
incorporadas. Muito obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a
palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Ontem,
inúmeras pessoas telefonaram para o meu gabinete, e também vieram pessoalmente,
dizendo-se surpresas com as notícias veiculadas na imprensa sobre possibilidade
de o PSB e o PSDB fazerem uma coligação para o próximo ano aqui em Porto
Alegre. Como não houve nenhuma notícia desmentindo, eu venho de público dar
algumas informações que julgo pertinentes como Líder desse Partido.
Em
primeiro lugar, em momento algum eu, como Vereador, fui consultado sobre essa
possibilidade de aliança com o PSDB. Quero dizer que fiquei surpreso como todos
os demais. Até porque o PSB, e é notório, a população sabe, procura trilhar um
caminho ideológico ligado a partidos de esquerda. O que eu vou fazer, de
pronto, na próxima semana, é procurar saber qual a posição da Executiva
Municipal do meu Partido sobre a política de aliança para o ano 2000. Isto,
como Líder, eu vou fazer. Agora, como Vereador e homem público, quero dar o meu
depoimento próprio. Inúmeras vezes tenho ocupado esta tribuna fazendo críticas
ao atual Governo Federal do nosso País, às suas políticas implantadas, e devo
dizer que não me sinto à vontade e não vejo como fazer uma aliança, para o ano
2000, com determinados segmentos. Apoios, sempre são bem-vindos, mas conheço
bem o caminho que o PSB optou, ideologicamente, por trilhar.
É
este o pronunciamento que eu não poderia deixar, nesta manhã, de fazer, pelo constrangimento
sofrido na tarde de ontem, quando inúmeras pessoas ligaram para o meu gabinete
e vieram pessoalmente querendo saber qual a minha posição. Então, este Vereador
vem dizer qual é a sua posição. E mais, na próxima semana quero cobrar, do
Partido, qual a política de aliança do PSB para o ano 2000. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): O Ver. Lauro Hagemann está com a palavra,
pelo PPS.
O SR. LAURO HAGEMANN: Senhor Presidente, Senhoras e Senhores
Vereadores, a sociedade brasileira não foi surpreendida, mas foi um
acontecimento insólito a cassação de um Deputado Federal por quebra de decoro
parlamentar. Pesa, sobre o ex-Deputado Hildebrando, a acusação de ser mentor de
uma rede de traficantes de tóxicos, no Acre. Hoje, aparece a fotografia do
ex-Deputado Federal, preso pela Polícia Federal, Polícia Militar, até houve um
qüiproquó, em Brasília, sobre qual polícia prenderia o Deputado.
Mas
o fato em si nos enseja uma outra reflexão: como os partidos políticos abrigam,
em seu seio, nas suas agremiações, personalidades desse tipo? É claro que o
processo democrático é complicado, mas é preciso um mínimo de regramento para
se coibir esse tipo de infiltração.
Hoje,
na ânsia em que estão os partidos para que até o dia 30 se inscrevam os
candidatos à eleição municipal do ano que vem, se permite o ingresso de
qualquer cidadão, não sendo condenado, com direitos políticos cassados,
qualquer cidadão ingressa num partido político, e principalmente nessa correria
para disputar as eleições do ano que vem. O banditismo - para usar uma
expressão genérica - se utiliza de todos os veículos possíveis, e o Parlamento
é um veículo excepcional para o trânsito desse tipo de atividade. Se por um
lado acoberta, com a imunidade, com uma série de favores e benesses que a
figura pública tem, por outro lado induz a população a incorrer em erros, em
equívocos. Pode-se desmentir fatos, pode-se produzir fatos, que são amplamente
divulgados pela imprensa.
Por
isso, nessa hora, é preciso que os partidos, de modo geral, fiquem atentos para
as inscrições de novos componentes em suas agremiações, nessa fase final de
inscrição, que precede a data fatal de 30 de setembro, ou 03 de outubro, para
aqueles que desejam ser candidatos nos próximo ano. Esse episódio do Congresso
Nacional nos faz pensar sobre isso seriamente, porque na população está
disseminada toda espécie de pessoa. É provável, é possível que essa gente tenha
a intenção de usar o mecanismo parlamentar para se aproveitar disso, a fim de
ganhar a adesão de vastos segmentos da população para as suas práticas
criminosas. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Nereu D’Ávila): O Ver. Luiz Braz está com a palavra para
uma Comunicação de Líder.
O SR. LUIZ BRAZ: Ver. Nereu D’Ávila, Presidente da Câmara
Municipal, Ver. Adeli Sell, Secretário, Srs. Vereadores, Sras. Vereadoras,
Senhoras, Senhores, hoje venho a esta tribuna para fazer um registro
extremamente agradável. Eu acredito que o registro que vou fazer deveria
receber, por parte da Câmara Municipal, solidariedade, para que pudéssemos,
como trinta e três Vereadores, representando a sociedade, fazer com que este
registro fosse o registro da Câmara - é um pedido até que faço aos Srs.
Vereadores. Acho que nós trabalhamos para fazermos com que o entendimento entre
as diversas camadas sociais possa se dar da melhor forma, para que as pessoas
que estão ocupando postos de trabalho possam-se elevar nesses postos de
trabalho. E esse é o trabalho, por exemplo, do Sindicato, que aqui está
presente, procurando fazer com que os trabalhadores, no campo do comércio,
possam realmente se fortalecer e para que a relação entre patrões e empregados
possa ser sempre a melhor possível, não com a destruição das empresas, como
alguns querem, mas, sim, com o fortalecimento dessas empresas e, também, com o
fortalecimento da condição dos empregados. Por isso, sempre que acontece algo
nesse sentido, nessa direção, nós temos que saudar, como Casa que representa
toda a sociedade de Porto Alegre.
Amanhã,
Ver. Pedro Américo Leal, uma empresa que é extremamente conhecida em todo o Rio
Grande do Sul, que é a Lojas Tevah, vai realizar um dia de solidariedade. No
ano passado, quando era Presidente da Casa, Ver. Nereu D’Ávila, fui lá na
fábrica das Empresas Tevah para participar desse dia de solidariedade. É uma
coisa magnífica! Todos os quinhentos empregados das Empresas Tevah, todas as
pessoas que pertencem ao Tevah, dedicam um dia de solidariedade fabricando
peças para ajudar, por exemplo, casas como o Lar Santo Antônio dos
Excepcionais. Todo o dia de amanhã será dedicado por essas pessoas, por esses
empregados, por esses patrões para fazer com que algumas pessoas que sofrem
mais que as outras dentro da sociedade possam ter esse sofrimento minimizado.
Então,
eu pediria que essa mensagem que estamos enviando aqui da tribuna fosse a
mensagem dos Srs. Vereadores, para que esse ato praticado pelas Empresas Tevah
possa ser copiado por outras empresas. Acho que esse ato merece registro de
todos nós da Câmara de Vereadores. É um dia todo da Empresa dedicado às pessoas
que sofrem - e sofrem muito, às vezes, por falta de assistência dos poderes
constituídos -, para que essas pessoas possam, de alguma forma, ser atendidas
em algumas de suas necessidades.
Por
isso, eu quero nesta Comunicação de Líder, hoje, em nome do Partido Trabalhista
Brasileiro, fazer aqui uma saudação muito especial para os patrões e para os
empregados das Lojas Tevah. Eles realmente merecem a solidariedade da
sociedade, porque estão sendo solidários com aqueles que mais precisam.
Aproveito
a oportunidade para convidar os Srs. Vereadores e a todos os presentes para
participarem de uma festa de solidariedade que o meu gabinete promove pelo
segundo ano. No dia 5 de outubro, estaremos prestando o reconhecimento para uma
empresa que no ano passado realizou muitos atos de solidariedade, minimizando o
sofrimento de muitas pessoas. Vamos entregar o Troféu Solidariedade para os
nossos amigos e companheiros do Supermercados Zaffari, através de uma
superfesta que vamos realizar aqui neste Plenário. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. FERNANDO ZÁCHIA (Esclarecimento): Ontem, assistindo à TV COM e conversando
com outros Vereadores - poucos sabiam -, fiquei sabendo da notícia do
desaparecimento dos recibos da sindicância das creches. Fiquei surpreendido,
porque tomei conhecimento pela imprensa. Procurei, inclusive, hoje nos jornais
de Porto Alegre e não havia nenhuma notícia, felizmente, sobre isso. Solicito
um esclarecimento, se possível.
O SR. PRESIDENTE: Ver. Fernando Záchia, lembro-me de uma
reunião das Lideranças quando V. Exa. falou que se deveriam buscar todos os
recibos referentes a todos os anos, solicitando, inclusive, essa providência
por escrito.
Fiquei
perplexo, tanto quanto todos na Casa, quando informado oficialmente pela
Procuradora Martha, de que, ela ao buscar os recibos, conforme determinação da
Comissão de Inquérito, retroativos à data em que os auxílios-creche foram
instituídos na Casa, em 1994, as pastas estavam vazias, ou seja, de 1994 a 1998
desapareceram os recibos. Esse é o fato grave ocorrido.
Tive,
imediatamente, o ímpeto, como Presidente, de abrir a sindicância, quando recebi
da Procuradora essa informação oficial. Pelo Regimento, não é atribuição do
Presidente, mas, sim, da Mesa Diretora. Reunimos, então, a Mesa Diretora na
semana passada e, imediatamente, por unanimidade, os membros da Mesa
acompanharam o Presidente no intuito de uma instauração de sindicância para
averiguação desse fato grave.
E,
para completar os dados que V. Exa. pede para esclarecer, anteontem a TV
COM/RBS, sabedora do assunto, esteve aqui e, por isso, foi notícia no
telejornal das 19h.
Tem
razão V. Exa., foi um fato grave. Agora, naturalmente, a sindicância verificará
de que maneira será resolvida essa questão.
O SR. JOÃO BOSCO VAZ (Esclarecimento): Sr. Presidente, os recibos estavam sob os
cuidados de que Diretoria? Quem é o responsável? Quem é que ocupa essa
Diretoria?
O SR. PRESIDENTE: Da Diretoria Administrativa. É a
competente funcionária Sônia Pinto. Agora, Vereador, estou dando a informação a
V. Exa. sem nenhum resquício de intuito de responsabilizar qualquer setor. V.
Exa. perguntou e eu respondi, lá na Seção de Recursos Humanos foi que
desapareceram os recibos.
O
Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra para uma Comunicação de Líder, pelo
PSDB.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Na
sexta-feira passada, trouxe a este Plenário uma questão que me preocupa em
torno da inexistência de um Químico responsável pelo DMAE, conforme me havia
sido confirmado pelo Conselho Regional de Química da 5ª Região.
Quero
adendar alguns dados e algumas preocupações sobre esse assunto. O Ver.
Guilherme Barbosa na resposta a mim, colocava a questão de que existem Químicos
no DMAE e que há uma disputa em torno da questão se é um Químico ou não que
deve responder pela área. Quero lembrar ao Ver. Guilherme Barbosa, e sei que
não foi essa a intenção, que eu em nenhum momento disse que não há Químicos no
DMAE; disse que não há um responsável Químico no DMAE pela área. E quero chamar
atenção do Ver. Guilherme Barbosa, que foi Diretor do DMAE - e deve saber disso
melhor do que eu, mas não disse aqui no seu discurso – que está aqui na Lei
relativa ao DMAE: Divisão de
Tratamento, Art. 78, diz que “a Divisão de Tratamento é o órgão de
controle e execução das atividades relativas ao serviço de operação das ETs e
das ETAs e da qualidade e quantidade da água produzida.”
Ora,
se nós combinamos isso com a legislação, que é a Lei 6.203, que estabelece o
Plano Classificado de Cargos de Funcionários do DMAE, nós vamos ver claramente
que ao Químico cabe executar e supervisionar as atividades das estações de
tratamento de água e esgoto. É explícito! Agora, quem ocupa essa função no
momento - a Diretora de Divisão de Tratamento de Água do DMAE - é a
Farmacêutica Marli Roch dos Passos. O que diz a Lei 6.203? Que ao Farmacêutico
cabe desempenhar atividades no tratamento da água, e não ser o seu responsável,
e depois manipular drogas de várias espécies. No nosso entendimento pode haver
tentativa da direção do DMAE de convencer o Conselho Regional de Química de que
uma farmacêutica pode desempenhar a função, mas não é o que Lei traz em relação
ao químico - a Legislação Federal - e nem a Lei 6.203 estabelece. Assim, a Dra.
Marli Roch dos Passos não está desempenhando a função de acordo com a Lei. E o
pior - voltamos à questão que já levantei - não há nesse sentido, portanto, do
ponto de vista legal, um responsável técnico pela qualidade de água fornecida
pelo DMAE, na Cidade de Porto Alegre.
Dizia
o Ver. Guilherme Barbosa, em relação à segunda questão que eu trouxe, que o
acerto de contas com o Estado teria havido, ao contrário da denúncia que eu
tenho, obtendo o apoio do Conselho Deliberativo do DMAE. Então, quero confirmar
a informação, e infelizmente o Ver. Guilherme Barbosa está equivocado. O tema
foi levado ao Conselho, não foi votado, portanto não tem decisão. Isso segundo
três conselheiros, representantes de diferentes instituições, que me passaram
as informações, pelo telefone, a partir do momento em que o debate se tornou
público. Quero voltar à questão, porque é importante se definir isso. Eu quero
deixar bem claro que estou trazendo o assunto ao debate, não estou acusando,
não tenho documento final, que é a ato do Conselho. Estou pedindo cópia desta
ata à Direção do DMAE. E vou repetir o que disse, não sou contrário ao acerto
de contas entre Prefeitura e Estado e que, obviamente, passa pelo DMAE, como
passa pela CEEE, mas eu penso que um acerto desses tem que ter a aprovação do
Conselho. Continuo insistindo: no meu entendimento, na medida em que o DMAE
renuncia a créditos, tem que haver votação, tem que haver aprovação desta Casa,
ou seja um Projeto de Lei terá de passar por esta Casa. Vou repetir o que
disse: se passar, terá o meu voto. Agora, penso que temos de fazer as coisas
legalmente, e não atropelando o processo legislativo ou, simplesmente,
marginalizando a Câmara de Vereadores. Portanto, o debate continua em aberto.
Eu
espero que, segunda-feira, quando haverá uma audiência proposta pelo Presidente
do DMAE, nós possamos chegar a alguns pontos em torno dessa questão, mas
insisto na minha preocupação: 1) com o responsável pela qualidade da água do
DMAE; 2) com a transparência e a legalidade das questões ligadas ao acerto de
contas havido entre o Estado e a Prefeitura. Não é mera formalidade; é uma
questão, sim, de que se possa ter, efetivamente, o respeito por esta Casa.
Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para
uma Comunicação de Líder.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu sei
que, depois de mim, virá à tribuna o Ver. Guilherme Barbosa, que repetirá que
eu também votei autorizando a compra, pelo DEMHAB, do Conjunto Leopoldina. É
verdade, eu o fiz! Eu, como todos os Vereadores, votamos a favor.
Eu
sempre soube que lei não se faz sob tensão ou sob emoção. Havia tensão, havia
emoção, porque tinha havido um espancamento de moradores do Conjunto
Leopoldina. O Prefeito mandou, para cá, um Projeto de Lei, que foi aprovado em
oito dias. Oito dias depois, ele era sancionado. Hoje, na Pauta dizia da
importância da Pauta para que os assuntos sejam discutidos e os vereadores os
conheçam. Não discutimos a Pauta, não houve Pauta para o Processo que não passou
nas Comissões, apenas um vereador, o honrado Ver. João Verle foi o
relator-geral da matéria. Ninguém viu, ninguém leu e aprovamos, por
unanimidade, porque o honrado Ver. João Verle disse que estava em condições de
ser aprovado. Mas, depois da aprovação unânime com o meu voto, pedi e não me
foi dada a autorização do Conselho Deliberativo do DEMHAB para que este Projeto
fosse mandado a esta Casa, e a autorização não existia.
Portanto,
não é uma coisa séria, responsável, não passou pelo Conselho Deliberativo do
DEMHAB. Projetos que visem autorização de despesas precisam da autorização do
Conselho Deliberativo. E esta o Executivo Municipal continua devendo.
Portanto,
se me equivoquei quando permiti, porque acreditei no Vereador do PT, porque
acreditei no Prefeito desta Cidade, no Diretor do DEMHAB, fui outra vez
frustrado, fraudado, não havia a decisão, nem a ata do Conselho Deliberativo do
DEMHAB. Sei que o Ver. Guilherme Barbosa vai dizer que votei, também, votei, mea culpa, mea culpa. Mas, explicado que
sob tensão, sob emoção não se faz leis, fica claro que o DEMHAB agiu muito mal,
o Prefeito também agiu mal e não sabemos porque protegeram a Construtora
Guerino, não sabemos porque protegeram a Caixa Econômica Federal, também não
disseram quem mais foi protegido, quem mais se beneficiou.
Falando
em DEMHAB, recebi uma cópia, que passo ao Ver. Guilherme Barbosa, espero que
ele me informe depois, pois o Diretor do DEMHAB diz que não aumenta prestações.
Aqui está o contracheque de um servidor municipal que no mês de julho deste ano
pagava de prestação 27,39 reais. No mês de agosto passou para R$ 180,18. É mais
de 500% de aumento, e o Diretor do DEMHAB disse que não houve aumento. Eu quero
saber o porquê desse valor, e o Ver. Guilherme Barbosa há de me dar uma informação
com a tranqüilidade com que sempre o faz.
Vejo
cartazes pedindo frentes de trabalho e emprego para quem precisa. Lembro que a
Prefeitura Municipal de Porto Alegre, no ano passado, teve um superávit de 27
milhões de reais. Esse dinheiro, se aplicado em obras nesta Cidade, geraria uma
quantidade tal de empregos que nem daria para calcular.
O
PT, quando mandou embora a Ford, disse que não precisava dela, porque só
geraria mil e quinhentos empregos diretos. Cada emprego gerado abre a
oportunidade para um novo consumidor, que é comprador, e um comprador abre a
possibilidade de emprego para um comerciário ou para outro emprego. Com esses
27 milhões, para ter-se uma idéia, a III Perimetral, cujas obras serão agora
iniciadas, estão avaliadas em 11 milhões de reais; vejam só quantas obras
poderia se fazer e que multiplicação de empregos poderia ser feita.
Encerro,
fazendo uma referência ao pronunciamento que o Ver. Lauro Hagemann fez aqui
sobre o Congresso Nacional. Eu tenho muitas dúvidas quanto ao Congresso Nacional,
pois lá não há patriotas. O Presidente da República fez um plano plurianual de
investimentos e o chamou de “Avança Brasil”. Alguns Deputados - e não são
poucos - pensam que deveria chamar-se: “Avança no Brasil”. Saúde e paz! Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): O Ver. Guilherme Barbosa está com a
palavra em Comunicação de Líder.
O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores,
abordando o tema trazido pelo Ver. Antonio Hohlfeldt, que diz respeito aos
profissionais de Química, ou não. Eu tenho aqui um levantamento feito pelo
DMAE. Eu poderia inclusive ler os profissionais que trabalham no setor, que
cuidam da nossa água, água excelente, cada vez melhor, que podemos tomar com
muita tranqüilidade, muita certeza da sua qualidade.
Vou
ler: “Adair Júnior, Químico; Heloísa Souto, Química; Leandro Porfírio,
Engenheiro Químico; Marcelo Gil Faccin, Engenheiro Químico; Liliane Almeida,
Química; Renato Rossi, Químico; Sissi Cabral, Química; Rejane Ávila, Química;
Beatriz de Mello Braga, Engenheira Química; Elton Coelho, Engenheiro Químico,
José Fachin, Engenheiro Químico; Iara Morange, Química.” E além disso, as
pessoas que são responsáveis pelas estações de tratamento de água. “Estação
Moinho de Vento, São João: Francisco Pinto, que é da Ilha da Pintada e Lomba do
Sabão, é o Engenheiro Químico Marcelo Gil Faccin. Da Estação Menino Deus, da
Tristeza e do Lami, a Química Heloísa Souto. Estação de Belém Novo, o Químico
Renato.”
Ver.
Antonio Hohlfeldt, é um disputa de mercado de trabalho. Eu respeito o Conselho
que está tentando defender os seus profissionais, mas é uma bola furadíssima, é
uma discussão que vai muito longe, é antiga. Os Químicos, através do seu
Conselho querem inclusive que eles gerenciem as estações de tratamento de
esgoto, onde não se usa nenhum produto químico. E eles querem que Químicos
trabalhem. Nós vamos longe nesse debate e é um debate único e exclusivamente do
ponto de vista da defesa de mercado de trabalho para os Químicos, que eu respeito,
o Conselho está aí para isso. Mas o que é importante dizer à população, Srs.
Vereadores, é que a água distribuída pelo Departamento Municipal de Água e
Esgoto, atende todas as especificações no Ministério da Saúde, todas, inclusive
avançando em algumas outras análises que vai além daquilo que o Ministério
exige. Esse é o ponto principal. Com relação ao acerto de contas entre o DMAE,
Prefeitura, Governo do Estado, CEEE, a Ata do Conselho Deliberativo é a Ata nº
45 de 1995, que está assinado por muitos conselheiros e a decisão foi tomada
por unanimidade. Depois passarei cópias às suas mãos, Ver Antonio Hohlfeldt,
sei que V. Exa. tem um encontro com o Diretor do DMAE na segunda-feira sobre o
tema.
São
esses os esclarecimentos que trazemos à população de Porto Alegre. O Ver. João
Dib se refere a um assunto do Jardim Leopoldina, no qual esta Casa interveio,
tendo conhecido muito antes de o Projeto chegar aqui. Foram montadas comissões
externas para acompanhamento, o ex-Vereador Milton Zuanazzi presidiu, em algum
momento, depois eu cheguei a presidi-la, em outro momento. A emoção que atingiu
o Ver. João Dib também atingiu o Executivo e a nós. O DEMHAB também interveio
num assunto que não era exatamente aquele para o qual foi criado, tendo sido
criado para trabalhar com as pessoas de renda até três salários mínimos, que
não era o caso do Jardim Leopoldina. Era uma relação preocupante o da empresa
privada. Em face do problema social, havia mais de mil famílias envolvidas, a
Guerino já tinha conseguido a retomada dos imóveis, e a Brigada Militar chegou
ir lá para retirar as famílias, virando aquela área uma praça de guerra. A
Prefeitura, sem nenhuma obrigação legal, entrou no processo, através do DEMHAB,
buscou financiamento na Caixa Econômica Federal e fez um levantamento do valor
dos imóveis do Jardim Leopoldina, que foi feito pela Caixa Econômica Federal,
do Governo Federal, apoiado pelo Ver. João Dib, e a Câmara, por unanimidade,
votou a favor. Essa é a história que devemos colocar completa. Volto a dizer
que o DEMHAB ficaria muito contente se o acordo com a Caixa fosse modificado,
que as prestações fossem baixadas, pois teríamos um percentual maior de
adimplência, porque hoje quem está bancando o compromisso com a Caixa Econômica
Federal, em grande parcela, é o DEMHAB. Quem mais quer que o contrato com a
Caixa seja reformulado é o DEMHAB. Todos, na Câmara Municipal, deveríamos ser
parceiros para isso, sem que alguns Vereadores da nossa Bancada sejam agredidos
verbalmente, como foram nesta Casa, na semana passada.
Nós
estamos passando da luta, mas que as verdades sejam ditas por inteiro, e não
apenas uma parte, porque, às vezes, é pior que uma mentira. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Havendo quórum, passamos à
O SR. ANTONIO HOHLFELDT (Requerimento): Sr. Presidente, de comum acordo com as
Lideranças queria apresentar requerimento no sentido de que, em primeiro lugar,
cumprindo o acordo que houve na semana passada, iniciássemos votando o Parecer
nº 069/99, depois o PLE nº 006/99, PLL nº 084/99, PR nº 026/99, PR nº 041/99,
PELO nº 002/99, PELO nº 003/99, PLL nº 135/97, PLL nº 158/98, PLL nº 046/99,
PLL nº 067/99, PR nº 020/99, PLL nº 003/98, PLL nº 043/98 e PLL nº 148/98. Já
passamos uma cópia ao Setor Legislativo, conversamos com todas as Lideranças e
essa é a proposta que fazemos a V. Exa.
O SR. PRESIDENTE: Desde a semana passada que estava sendo
encaminhada essa proposta. As duas matérias anteriores ao Projeto interessam
não são só aos comerciários, já que tenho ouvido alguns referirem, mas a
diversos sindicatos, inclusive dos metalúrgicos e outros que nos honram com as
presenças nesta manhã.
Em
votação Requerimento de autoria do Ver. Antonio
Hohlfeldt. (Pausa.) Os Srs.
Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
(encaminhamento: autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)
PROC.
2992/98 - PARECER Nº 069/99, de
autoria do Ver. Juarez Pinheiro, à
consulta formulada pelo Ver. Isaac Ainhorn acerca da demolição do Mercado
Público do Bom Fim sem consulta ao Conselho Municipal do Patrimônio Histórico e
Cultural - Requerimento nº 202/98.
Relator Vereador Juarez
Pinheiro; conclusões:
“... diante disso, uma vez
que a reparação do eventual dano já se encontra em andamento, entendo que a lei
municipal aplicável está sendo cumprida, não havendo o que se falar, no âmbito
desta Casa, em responsabilização do Poder Executivo.”
Observação:
- o Parecer do Relator da CCJ, quando de sua
votação, resultou empatado.
O SR. PRESIDENTE: Em votação o Parecer nº 069/99, Processo
nº 2992/98.
O SR. JUAREZ PINHEIRO (Questão de Ordem):
É um esclarecimento e
uma Questão de Ordem a V. Exa. Em primeiro lugar, talvez fosse despiciendo um
esclarecimento, mas na Comissão de Constituição e Justiça o Parecer de autoria
deste Vereador obteve empate no resultado final: foram três votos favoráveis e
três votos contrários. Isso está nos documentos que os Vereadores já receberam.
A Questão de Ordem que eu formulo é que o Requerimento, formulado pelo Ver.
Isaac Ainhorn, na parte final do mesmo, páginas 1e 2 do Processo, diz o
seguinte: “O Vereador requer, nos termos do disposto no Art. 94, Parágrafo 3º,
alínea j, do Regimento deste Legislativo, seja ouvida a Comissão de Justiça,
bem como a Procuradoria da Casa sobre as conseqüências legais dos atos
praticados pela Administração Municipal.” O objeto do Requerimento do Vereador
é que a Procuradoria da Casa e a Comissão de Constituição e Justiça elucidassem
ao Vereador quais as conseqüências jurídicas do ato que o Poder Executivo teria
praticado. Formulo a V. Exa.: qual o fundamento do que vamos votar, porque o
pedido do Vereador é que sejamos orientados sobre as conseqüências jurídicas.
Eu entendo que não há objeto a ser votado, não sei por que o 1º Secretário
incluiu isso na Ordem do dia. Fico espantado. Solicito a V Exa. que seja
sobrestada essa votação e que a Mesa Diretora elucide os fatos, para que o
Plenário tenha condição de votar, porque não tem objeto de forma clara.
O SR. ISAAC AINHORN (Questão de Ordem): Senhor Presidente, eu queria formular a
V. Exa. a seguinte questão: está na Ordem do Dia um Parecer do Ver. Juarez
Pinheiro sobre uma questão suscitada por este Vereador. No âmbito da Comissão,
este Parecer sofreu um empate de 3x3. Conseqüentemente ele baixou à Ordem do
Dia e encontra-se nessa condição, e, surpreendentemente, a formulação minha
deu-se no dia 14.10.98. Por mais alguns dias, vai chegar a um ano. Há seis
meses, o Parecer do Ver. Juarez Pinheiro está para ser votado. Solicitaria a V.
Exa., sem prejuízo dos encaminhamento, que ouvisse os setores técnicos da Casa,
mas que permitisse a continuidade do procedimento em função de todo esse tempo
em que já se encontra esse Parecer. Desde já, me inscrevo para encaminhar a
presente matéria porque, como se trata da votação de um parecer, e nessa
condição está na Ordem do Dia, no meu entendimento e no douto entendimento da
Diretoria Legislativa desta Casa, só cabem encaminhamentos.
O SR. PRESIDENTE: Isso já está estabelecido.
O SR. JUAREZ PINHEIRO: Apenas para argumentar, porque é uma
matéria importante em que precisamos ter toda a clareza em sua discussão e
votação, o tempo de proposição colocado na Ordem do Dia não é base para, não
havendo objeto, haver apreciação. Se não foi colocado em votação, mesmo não
estando na Ordem do Dia pelo tempo dito pelo Ver. Isaac Ainhorn, isso deveu-se
à vontade dos Vereadores, porque o Plenário é soberano para incluir na Ordem do
Dia as matérias que assim entender. Esse argumento é de mérito e não tem
substância. Não estou entrando no mérito da questão do Vereador, estou entrando
na legalidade do processo legislativo. O que
votaríamos? Votar uma coisa
que não existe é impossível. Seria um ato insano que cometeríamos, Presidente.
O SR. PRESIDENTE: Agora que eu entendi porque,
naturalmente, nós, até regimentalmente, votamos sempre, quando solicitado por
um Vereador, vai à Comissão de Justiça e volta ao Plenário para que o mesmo
concorde ou não com o que ficou estabelecido no relatório final da Comissão de
Justiça. V. Exa. levanta uma preliminar. É que esse Parecer não teve vitória
lá; ele empatou.
O SR. JUAREZ PINHEIRO: Presidente, V. Exa. foi sábio na
apreciação do fato, e eu agrego a esse argumento de V. Exa. mais um, que é o
conteúdo do Requerimento do Ver. Isaac Ainhorn, porque ele solicita a CCJ para
que ela aponte as conseqüências jurídicas. Se não há conseqüência jurídica
apontada, o que vamos votar, Sr. Presidente?
Então,
nesse sentido é o meu Requerimento, para que a Mesa Diretora apreciasse os
fatos e pudesse elucidar os Vereadores na questão desta votação.
O SR. PRESIDENTE: Ver. Isaac Ainhorn, o Ver. Juarez
Pinheiro está formulando um Requerimento.
O SR. ISAAC AINHORN (Questão de Ordem): É um Requerimento dele?
O SR. PRESIDENTE: Ele está requerendo que a Mesa Diretora
se manifeste sobre o objeto.
O SR. ISAAC AINHORN (Questão de Ordem): E V. Exa. vai submeter ao Plenário?
O SR. PRESIDENTE: Não, é um Requerimento dele.
O SR. ISAAC AINHORN: Eu gostaria que nos permitissem, e V.
Exa. se municiaria dos elementos, porque há um ano, há seis meses este assunto
está na Ordem do Dia. Eu respeito a questão processual suscitada pelo Vereador,
agora, eu entendo que devemo-nos manifestar sobre este Requerimento, para que
não haja um cerceamento de defesa, nesta Casa, a um assunto que a opinião
pública cobra um posicionamento desta Casa.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO (Questão de
Ordem): Sem querer
polemizar com o Ver. Juarez Pinheiro: o Requerimento pergunta se o Sr. Prefeito
Municipal deve responder ao assunto em tela como responsável por um
descumprimento da Lei ou não. Então, o Parecer do Ver. Juarez Pinheiro é que
não deve.
O SR. PRESIDENTE: Só que este Parecer foi aprovado.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO (Questão de
Ordem): O Relator Ver.
Juarez Pinheiro fez um Parecer e esse Parecer foi votado, três componentes
votaram a favor e três contra. Contra o quê? Se não há o que discutir, aqui,
por que ele foi para a Comissão de Constituição e Justiça, para ser votado? E
houve um empate. Se houve votação, se votou em alguma coisa. Se votou na
responsabilidade ou não do Sr. Prefeito. E eu acho que isso é que vai ser
discutido, agora, aqui no Plenário, já que, por enquanto, há um impasse. Esse
impasse se reflete claramente neste empate que houve na Comissão de
Constituição e Justiça. Ora, se houve um grande debate na Comissão de Justiça e
não foi elucidado, porque ficou empatado, por que não passar para o Plenário,
agora, este debate? Isso é importantíssimo e tem, sim, o que votar.
O SR. JUAREZ PINHEIRO (Questão de Ordem):
Como última Questão de
Ordem e de ordem processual, nós temos que nos ater, porque vamos votar, qual é
o Requerimento, qual é o objeto. E o objeto não é bem aquilo que o Ver. Cláudio
Sebenelo disse: “O Vereador requer que a Comissão de Constituição e Justiça
aponte as conseqüências jurídicas do ato do Poder Executivo”. Nesse sentido,
não apontadas as conseqüências desses atos do Poder Executivo, não há objeto
para ser votado neste momento.
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra
para encaminhar.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a
grande realidade é que esta Casa não pode se excluir da essencialidade do
debate da demolição do Mercado Público do Bom Fim, daquele prédio que
representa um momento da história da Cidade de Porto Alegre, e que foi demolido
quando a lei exige e impõe que o Conselho Municipal do Patrimônio Histórico da
Cidade de Porto Alegre seja ouvido em qualquer demolição de bem que represente
aspectos da cultura da Cidade. Destruiu-se um pedaço do patrimônio histórico da
Cidade de Porto Alegre sem a ouvida do Conselho do Patrimônio Histórico. O
Patrimônio Histórico ficou, três anos, discutindo se podia ser feito um
estacionamento ao lado de um prédio histórico. Da noite para o dia, o Prefeito
Municipal, sem consulta, demoliu aquele próprio que representava um momento, um
aspecto da cultura e da história da Cidade de Porto Alegre, do Bairro Bom Fim.
Eu penso que o Legislativo da Cidade de Porto Alegre não pode-se omitir numa
questão dessas, até porque existe, já, uma ação cível pública, promovida pelo
Ministério Público, e temos os documentos dessa ação aqui, em que o próprio
Município de Porto Alegre reconhece que houve dano ao patrimônio histórico da
Cidade de Porto Alegre, na audiência realizada no Ministério Público do Estado
do Rio Grande do Sul, na Coordenadoria das Promotorias Comunitárias, no dia 25
de maio de 1999. Naquela ocasião, o Procurador-Geral do Município, Substituto,
Dr. Jorge César Ferreira da Silva, reconheceu a necessidade e admitiu a
contratação de um perito para avaliar o valor do dano cultural causado ao
patrimônio da Cidade de Porto Alegre. O Processo, no Ministério Público, Vera.
Clênia Maranhão, já teve contrato assinado entre o Município e os peritos para
um serviço de peritagem, para avaliar os danos ao patrimônio histórico. E mais:
o Ministério Público entendeu, através da Dra. Sílvia Capelli, digna
Coordenadora da Coordenadoria das Promotorias Comunitárias, que houve dano ao
patrimônio público e os quesitos já foram apresentados pelo Município de Porto
Alegre, pela comunidade e pelo Ministério Público para que seja avaliado o
alcance dos danos. E nós, aqui no Legislativo Municipal, um ano depois da
tramitação, estamos levando a questão sem decidirmos e sem definirmos; nós, que
somos órgão fiscalizador dos atos do Poder Executivo, até hoje não tomamos uma
posição de censura em relação ao ato do Poder Executivo.
O
Parecer que teve empate na Comissão de Constituição e Justiça da Casa, esse
Parecer do Ver. Juarez Pinheiro que está sendo votado, simplesmente ignora o
Conselho do Patrimônio Histórico. E é bom que a Cidade de Porto Alegre saiba,
Ver. Juarez Pinheiro, que V. Exa. acha que o Parecer do Conselho do Patrimônio
Histórico não tem a menor importância. V. Exa. é um advogado que respeito, sabe
que há um dispositivo legal: o parágrafo 8, do art. 1º, da Lei nº 3607/71, que
diz que o Conselho Municipal do Patrimônio Histórico e Cultural será órgão de
assessoramento e colaboração com a Administração Municipal em todos os assuntos
relacionados com o patrimônio histórico, cabendo-lhe opinar sobre a inclusão de
bens do patrimônio, fazer sugestões e dar parecer em pedidos para demolições.
O
prédio foi demolido. Um pedaço da história de Porto Alegre foi desmanchado,
certamente, por aqueles mesmos que gostariam que a Usina do Gasômetro, quem sabe,
fosse demolida. Não o foi por força de uma administração trabalhista que
restaurou e devolveu a Porto Alegre a Usina do Gasômetro, e todas aquelas
forças que lutaram pela preservação do Mercado Público da Cidade de Porto
Alegre. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Ver. João Dib, nós estamos numa
preliminar de um requerimento do Ver. Juarez Pinheiro, que ainda não coloquei
em votação. V. Exa. poderá se posicionar, em seguida, se o Requerimento do Ver.
Juarez Pinheiro for à votação ou não. Fica assegurada a palavra de V. Exa.
O SR. ISAAC AINHORN (Esclarecimento): Indago à V. Exa. se nós estamos
encaminhando, neste momento, o Projeto que está na Ordem do Dia?
O SR. PRESIDENTE: Não, Vereador. Na verdade nós estamos
esclarecendo.
O SR. ISAAC AINHORN: Eu solicitei a palavra e V. Exa. me
deferiu.
O SR. PRESIDENTE: Deferi e V. Exa. disse o que quis da
tribuna, brilhantemente como sempre. Mas o que ocorre, e estamos esclarecendo
aos Srs. Vereadores, porque o que está na Ordem do Dia é um Parecer da Comissão
de Constituição e Justiça que teve a sua votação empatada. O que se vota sempre
nesta Casa é um parecer que vem da Comissão de Constituição e Justiça a favor
ou contra e os Vereadores pode se posicionar contra ou a favor a ele. Aqui, nem
é contra nem a favor. Estamos votando o que aqui? O Parecer Ver. Juarez
Pinheiro? Não. Este Parecer não foi aprovado pela Comissão. Estamos votando
nada, vácuo. Na verdade ...
O SR. ISAAC AINHORN: V. Exa. já está tomando posição.
O SR. PRESIDENTE: Estou sim. Não quis retirar da Ordem do
Dia. Srs. Vereadores, prestem atenção para o que vou dizer agora. Eu não quis
retirar da Ordem do Dia, ex abrupto,
uma questão de que já estou convencido. Nós estamos diante de um Parecer que
empatou. Então, o que está escrito aqui, o final do Parecer do Ver. Juarez
Pinheiro, não é a posição da Comissão de Justiça, porque não ganhou este
Parecer, tampouco não é contrário a isto, porque empatou. Então, na verdade, o
que o Ver. Juarez Pinheiro propôs é que fosse à Mesa, para nós sairmos desse
impasse. Só não interrompi a votação porque nunca quero criar problemas. Se eu
fizer este gesto, ele estará embasado num fato absolutamente real. Então, por
isso, Srs. Vereadores, o Ver. Juarez Pinheiro vai contrapor o que o Ver. Isaac
Ainhorn disse, e nós vamos enfrentar o que o Ver. Juarez Pinheiro propôs,
porque é a questão uma preliminar saber se fica no Plenário ou não. Eu
preferiria, Srs. Vereadores, que não ficasse, que fosse à Mesa para que, num
fórum menor, ela trouxesse aos Vereadores uma coisa concreta, porque o que está
aqui é abstrato, é um Parecer que não teve nem Sim, nem Não. Então, se o
Plenário votar pelo Relatório do Ver. Juarez Pinheiro, estará votando algo que
na Comissão de Justiça não houve decisão.
O
Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra para encaminhar.
O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras, Srs.
Vereadores. Em primeiro lugar quero fazer duas preliminares: a primeira delas,
reconhecer que é um debate difícil, que gera controvérsia, porque é uma matéria
absolutamente sui generis que nós
estamos, aqui, apreciando e que foi incluída na Ordem do Dia. Nesse sentido,
até reconheço um pouco o esforço do Ver. Isaac Ainhorn, com a sua tautologia
costumeira, querer justificar a votação neste momento.
Em
segundo lugar, reconhecer a posição do Presidente da Casa, que mesmo sendo do
Partido do Ver. Isaac Ainhorn, mas tendo a responsabilidade de presidir este
Parlamento, se coloca como Presidente, como magistrado e fica unicamente na
questão processualística do processo legislativo. Sr. Presidente, eu não estou
aqui discutindo o mérito, ainda, e quero dizer a V. Exa. que nós não temos
nenhum problema de discutir o mérito, até porque o Ver. Isaac Ainhorn pensava
que estava encaminhando a votação e, na verdade, o que estava sendo encaminhado
era a minha Questão de Ordem. Mas estou absolutamente pronto a responder a V.
Exa. na questão de mérito, porque nós, da Administração Popular, entre tantas
coisas boas que fazemos a esta Cidade, uma delas é de preservar o patrimônio, a
memória e a história desta Cidade.
Mas
o que estou levantando, Sr. Presidente, e esse é o objeto da minha intervenção,
é a questão da processualística, é a questão do Processo Legislativo, e quero
chamar a atenção dos Srs. Vereadores para o fato de que nós não podemos, aqui,
no afã de fazer o debate político, importante nesta questão, cometer um
equívoco legislativo que venha depor até contra a nossa inteligência, como
órgão coletivo. Ver. Isaac Ainhorn, o Requerimento de V. Exa., apesar de estar
há muito tempo na Ordem do Dia, só não foi apreciado - e V. Exa. que está há
tantos anos neste Parlamento, sabe bem - porque não houve a vontade majoritária
dos Srs. Vereadores para a sua apreciação. Se houvesse, teria sido apreciado no
mês de outubro, Ver. Isaac Ainhorn.
Sr.
Presidente, peço a atenção de V. Exa. que vai ter que dirimir esta questão,
pois entendo que não se trata de uma questão do Plenário e, sim, de quem
preside a Sessão. Há dois pontos basilares. O primeiro é de que o Parecer, na
Comissão de Justiça, obteve empate no resultado final. Este Vereador, naquele
Parecer, respondia à Questão de Ordem do Ver. Isaac Ainhorn. Eu vou repetir
qual é o objeto - Ver. Isaac Ainhorn, peço que V. Exa. consiga transpor um
pouquinho a disputa que trava comigo, neste momento, e se dê conta de qual é o
Requerimento que vamos votar aqui. (Lê: “Requer, nos termos do disposto no art.
nº 94, parágrafo 3º, alínea j, do Regimento deste Legislativo, seja ouvida a
CCJ, bem como a Procuradoria da Casa, sobre as conseqüências legais dos atos
praticados pela Administração Municipal, em face da demolição do Mercado
Público do Bom Fim, sem a ouvida do Conselho Municipal do Patrimônio Histórico
e Cultural do Município de Porto Alegre.”) Este é o objeto que V. Exa. coloca
em seu Requerimento, que é a peça preambular de todo este Processo que ora
discutimos.
Eu,
em meu Parecer, apontei as conseqüências jurídicas, Ver. Isaac Ainhorn, e essas
conseqüências jurídicas foram aceitas por três membros da Comissão e rejeitadas
por outros três membros. Houve um empate e a Comissão de Constituição e Justiça
não aponta nenhuma conseqüência jurídica: houve empate. Então, se votarmos,
aqui, teríamos que ter uma posição do Plenário, mas não temos! Solicitamos a
oitiva da Comissão de Constituição e Justiça. O que nós poderíamos, num esforço
extremo de compreensão e de companheirismo, no trabalho legislativo, seria
votar meu Parecer, favorável ou contra. Mas não é esse o objeto que V. Exa.
requer, neste momento. Então, vou-me abster, neste momento, de expandir meus
argumentos na questão de mérito, pois, no que tange ao mérito, estou
absolutamente preparado para fazer este debate com o Ver. Isaac Ainhorn e
esclarecer aos demais Vereadores. Estou levantando uma Questão de Ordem de
processo legislativo. Não há o que votarmos neste momento. A Mesa Diretora,
reunida, poderá apontar uma outra saída como, por exemplo, Ver. Isaac Ainhorn,
um adendo de V. Exa. no seu próprio requerimento, possibilitando que o
Plenário, de forma clara, de forma absolutamente inteligente, pudesse fazer o
debate político, e votar a questão levantada por V. Exa., mas assim como está
colocado vamos prestar à Cidade um atestado que não condiz com a qualidade
desse Parlamento. Seria uma ignorância no processo legislativo, que não temos o
direito de cometê-la.
Nesse
sentido, apelo à Presidência e aos Vereadores para que esse assunto seja
encaminhando à Mesa Diretora, para que possa ser melhor avaliado. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Questão de Ordem com o Ver. Isaac
Ainhorn.
O SR. ISAAC AINHORN: Nessa Questão de Ordem, Sr. Presidente,
gostaria de esclarecer, porque há pouco o nobre Ver. Juarez Pinheiro afirmou
que estamos examinando o meu Requerimento. Na Ordem do Dia não estamos mais
examinando o meu Requerimento. O que está na Ordem do Dia é a votação do
Parecer do Ver. Juarez Pinheiro à consulta por mim formulada. Temos que ler o espelho, na folha 33, para constatar que
é o Parecer que estamos votando, e não o meu Requerimento.
O SR. JUAREZ PINHEIRO (Questão de Ordem):
Sr. Presidente,
concordando com o Ver. Isaac Ainhorn, na minha intervenção anterior, que pelo
visto o Ver. Isaac Ainhorn não prestou atenção, eu dizia que o que estava sendo
apreciado era o Parecer, mas que eram duas peças basilares que colimavam a
apreciação desse documento. A segunda é o mérito do Requerimento, que é uma
posição da Comissão de Constituição e Justiça, no que tange às sanções a serem
aplicadas pelos pseudos atos do Poder Executivo.
O SR. PRESIDENTE: Ver. Elói Guimarães, V. Exa. é
Presidente da Comissão de Justiça, eu gostaria que V. Exa. fizesse um
pronunciamento rápido, em Questão de Ordem, para sabermos se já houve algum
precedente na Comissão de Justiça, porque estou entendendo que não se pode
votar um Parecer em Plenário que não tenha sido rejeitado ou aprovado na
Comissão de Justiça. Então, votaríamos um requerimento do Ver. Isaac Ainhorn em
relação a pretensas irregularidades em tal lei. Mas, agora, não é mais o
Requerimento do Ver. Isaac Ainhorn. Agora, é um pronunciamento advindo da
Comissão de Justiça, com trechos do Ver. Juarez Pinheiro, só que esse Parecer
dá a impressão para o Plenário, que se votar o Parecer, que a Comissão de
Justiça deu guarida ao Parecer, não! Empatou. Então, eu gostaria de saber se
houve precedente na Comissão de Justiça.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO (Questão de
Ordem): Sr. Presidente,
na intenção de colaborar com o debate. Primeiro, há o impasse que o empate
provocou entre duas posições fundamentais: o Parecer do Relator e o voto contrário
ao Parecer. Então, está explícito, aqui, inclusive, o voto escrito deste
Vereador, contra o Relatório do Ver. Juarez Pinheiro. No meu entendimento o que
vai esclarecer esse impasse, é que se em seis pessoas, na Comissão de Justiça
ficou três a três, ao passar para o Plenário essas duas posições, uma delas
será tomada pelo mesmo. Parece-me que essa é a função do Plenário e esse é o
motivo pelo qual o Regimento encaminha esse impasse para o Plenário.
O SR. JUAREZ PINHEIRO (Questão de Ordem):
Sr. Presidente, por
óbvio, não podemos apreciar votos na Comissão de Constituição e Justiça. O
Vereador votou e acostou aos autos, o voto brilhante, inclusive, no que tange a
sua exposição. Mas nós não estamos aqui apreciando o voto! Nós temos, aqui, que
nos ater às regras que regem o processo legislativo. Isso seria uma coisa
absolutamente impensável.
Então,
nesse sentido, Sr. Presidente, o que seria melhor para todos nós é um pouco de
paciência e sensibilidade para que a Mesa Diretora pudesse dirimir a questão,
inclusive, se for o caso, possibilitar ao Ver. Isaac Ainhorn que faça um adendo
ao seu Requerimento e que, daí, possibilite ao Plenário votar e discutir,
quanto ao mérito que foi brilhantemente exposto pelo Ver. Cláudio Sebenelo, no
voto, a questão material, mas, no que tange ao processo legislativo é
impossível. Então, acho que a sensibilidade nos acusa, o Ver. Isaac Ainhorn já
teve tempo de defender a sua tese, o que ele pensa da questão, mas, agora, a
inteligência nossa remete para que a Mesa Diretora faça um despacho saneador
nesse processo.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente, para esclarecer e
exemplificar, nas instâncias superiores, vou dar o exemplo do Tribunal de
Justiça em que as câmaras, para as coisas não-resolvidas em um determinado
nível, os impasses não-resolvidos, passam para um Tribunal Pleno, onde há um
número maior de membros. O que eu quero dizer é o seguinte: quando há um
impasse, é remetido para uma instância maior. E a instância maior, aqui, é o
Plenário.
O SR. PRESIDENTE: Eu sei, V. Exa. sustenta essa posição,
que, no seu entender, é a correta.
O SR. ELÓI GUIMARÃES (Questão de Ordem): Sr. Presidente, o empate na Comissão de
Constituição e Justiça tem caráter de excepcionalidade. E digo isso quando
envolve matérias de alguma complexidade ou matérias que têm alguma relevância.
Nesse sentido, quando discutimos, apreciamos e votamos a matéria, não foi
possível buscar-se o sétimo voto - a Comissão tem sete integrantes -, por uma
eventual ausência de um de seus integrantes devido a compromissos relevantes.
Diante da tentativa de se estender ao pleno da Comissão, foi suscitada essa
impossibilidade, e o Presidente a atendeu. Eis a razão por que não foi possível
buscar-se a plenitude da Comissão. A Comissão de Constituição e Justiça não tem
caráter terminativo, tanto é verdade que matérias e pareceres à unanimidade
derrotados na Comissão, terminam desaguando no Plenário. É outro dado
significativo. Nesse sentido, ou nós restauramos o processo ao nível da
Comissão, através de um novo relator, ou então o Plenário examina o mérito, não
há outra alternativa. São duas hipóteses, Ver. Isaac Ainhorn.
O SR. PRESIDENTE: Devo dizer que o Ver. Isaac Ainhorn, em
princípio, aceita que regresse à CCJ e seja nomeado um novo relator para trazer
ao Plenário algo desempatado.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, atendendo os apelos, eu
só gostaria que nesse caso, rigorosamente, preservássemos os prazos de parecer
e de votação. É um apelo que faço, não é favor, é obrigação nossa, mas eu apelo
ao Ver. Elói Guimarães, nesse sentido, porque já faz um ano, senão a Casa corre
o risco de ser desacreditada perante a sociedade, porque não decide e não
delibera. Delibera do jeito que quiser, mas delibere, dê as suas posições e,
por essa razão, concordamos com esse encaminhamento.
O SR. JOÃO DIB (Questão de Ordem): Sr. Presidente, ouvi com atenção todos os
juristas, ouvi o médico e agora quero que fale um engenheiro, pela simplicidade
das coisas. Há um Requerimento, houve um Parecer e o Parecer está lá, só que
não foi aprovado, mas também não foi rejeitado. Então, cabe ao Plenário decidir
sobre o Parecer, porque o Parecer existe, só que não foi aprovado na Comissão
de Justiça, porque se ele fosse rejeitado na Comissão viria ao Plenário e nós
poderíamos derrubar a rejeição. Se ele fosse aprovado, viria ao Plenário, e nós
poderíamos derrubar a aprovação. A palavra final é do Plenário.
Portanto,
o Parecer existe, não desapareceu, está lá, só não teve a aprovação porque a
votação foi 3 a 3.
O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente, autorizado pelo Líder da
minha Bancada, quero dizer a V. Exa. que nós concordamos com a posição
levantada pelo Presidente da CCJ, Ver. Elói Guimarães, é uma demonstração de
sensibilidade e de inteligência desse Parlamento, então, nesse sentido, nós concordamos,
Sr. Presidente.
O SR. JOÃO BOSCO VAZ: Sr. Presidente, depois de ouvir também os
juristas desta Casa, para dar uma trégua, quero registrar os 54 anos da
Associação dos Cronistas Esportivos Gaúchos, a qual tive a honra de presidir em
1982 e 1983 e que hoje é muito bem comandada, pelo segundo mandato, pelo nosso
comentarista João Garcia da Rádio e TV Bandeirantes. Quero deixar esse registro
em nome da nossa Associação de Cronistas Esportivos.
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente, gostaria de encaminhar em
nome da minha Bancada a decisão sobre a colocação não-doutrinária como órgão
definitivo.
O SR. PRESIDENTE: Vereadora, pediria a compreensão de V.
Exa., em respeito às pessoas aqui presentes e com a concordância do próprio
autor, tem um novo relator e vamos amadurecer mais essa matéria. O
encaminhamento da Mesa retornará à Comissão de Justiça e, em caso de empate, a
Procuradoria decidirá se o Plenário poderá votar. Por isso, regressa à Comissão
de Justiça para melhor encaminhamento, com um possível desempate.
Solicito
vênia à nobre Bancada do PT que possibilite a este Vereador colocar em votação,
agora, o PLL n.º 084/99. Em razão disso, estou colocando em votação
Requerimento de alteração na ordem de apreciação da matéria na Ordem do Dia em respeito aos diversos sindicatos
presentes que, inclusive, ontem
procuraram a Casa para solicitar aos Srs. Vereadores que votassem hoje essa
matéria.
O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente, o Projeto do Executivo
será, provavelmente, votado por unanimidade sem maiores discussões, mas se V.
Exa. insiste, a nossa Bancada concorda na troca.
O SR. PRESIDENTE: Em votação. (Pausa.) Os Srs.
Vereadores que aprovam permaneçam como
estão. (Pausa.) APROVADO. Agradeço,
não por mim, mas em respeito aos diversos líderes de sindicatos que nos
procuraram ontem e que estão aqui presentes hoje, a gentileza da nobre Bancada
do PT.
(discussão: todos os Vereadores/05
minutos/com aparte;
encaminhamento: autor e bancadas/05
minutos/sem aparte)
PROC.
1963/99 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 084/99, de autoria do Ver. Nereu D’Ávila, que institui o Programa de Incentivo
ao Trabalho e Requalificação Profissional no Município de Porto Alegre e dá
outras providências. Com Emendas nºs 01
e 02.
Observação:
- incluído na Ordem do Dia por força do art. 81 da LOM.
O SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): Em discussão geral e votação do PLL nº
084/99. O Ver. Nereu D’Ávila está com a palavra para discutir.
O SR. NEREU D’ÁVILA: Ver. Juarez Pinheiro, 1º Vice-Presidente,
no exercício da Presidência, Srs. Vereadores, Sras. Vereadoras, Senhores
Funcionários, Senhores Líderes de diversos Sindicatos, que nos honram com sua
presença nesta manhã, neste Plenário, eu desejo fazer alguns esclarecimentos. O
primeiro, e fundamental, é que este processo sobre requalificação profissional
e frentes de trabalho é resultado de uma idéia que nos foi trazida por diversos
sindicatos a partir da Força Sindical, entre outros, o Sindicato dos
Comerciários. Nós apenas corporificamos a idéia num projeto, já que a Câmara,
preocupada com o desemprego em Porto Alegre como um todo, não pode ficar
ausente ou omissa.
Os
canais de televisão mostraram à sociedade, em meses passados, o quanto foi
importante a iniciativa tomada em São Paulo. Os jornais de hoje, todos, dão a
manchete de que, no mês de agosto - são dados do IBGE -, o desemprego se esteve
em 7,7% no País, estando, na Grande Porto Alegre, em torno de 4%. É um índice
altíssimo, talvez o maior da história deste País, que está para completar
quinhentos anos em breve. Abster-se, neste momento, de qualquer medida, é virar
as costas para aquilo que, hoje, é o maior flagelo social.
Como
eu referi, no momento em que em São Paulo, por meio da requalificação
profissional e de frentes de trabalho, pelo menos - é lógico que não vai
solucionar o problema do desemprego -, irá mitigar, diminuir, suavizar algo que
não pode ser tratado como mais um problema dos tantos que o Brasil enfrenta.
Por
esse caminho, somos agentes, neste momento, da solicitação de grande massas de
desempregados e de sindicatos que se preocupam com os desempregados nesta
Cidade e neste Estado.
O
Sindicato dos Comerciários, dias atrás, fazendo requalificação profissional em
relação a questões de computação e outras, registrou filas enormes, mostradas
pela imprensa, apenas para requalificação, não ainda pensando em dar soluções.
A
frente de trabalho contemplaria com um mínimo, nós propusemos 150 reais, cesta
básica e vale transporte, naturalmente, com verbas previstas pelo Fundo de Amparo
ao Trabalhador e outras que, porventura, a Prefeitura possa traduzir.
Quero
dizer, a bem da verdade - aqui ninguém esconde nada -, que a Prefeitura de
Porto Alegre - em julho, li nos jornais, durante o recesso, e estou sabendo,
por informações do Líder do PT, Ver. Guilherme Barbosa - está com uma proposta
com relação a esta matéria que eu, pessoalmente, não tomei conhecimento oficial
da proposta, mas sei que também é um caminho, talvez um pouco diferente da
nossa proposta. De qualquer maneira, combinamos com o Líder do PT e, por
telefone, com o Vice-Prefeito José Fortunati, que enfrentaríamos esta matéria
no Poder Legislativo, porque nada obsta que haja muitas idéias, propostas de
pessoas que se preocupam com o flagelo social do desemprego, porque é o melhor
para todos. Este Vereador irá ao encontro do Executivo para, em conjunto,
apreciar a proposta do Executivo.
Este
Vereador é sempre pragmático, o que importa, na nossa visão, em primeiro lugar
- seja proposta deste Vereador, do Ver. João Dib, Guilherme Barbosa, dos 33 vereadores ou do Executivo - é não se
omitir em matéria tão importante; segundo, ver o mínimo de solução para o
problema, isso é que importa.
Quero
deixar bem claro, sou apenas um veículo, e me senti prestigiado, já que
procuraram a mim, como poderia ser outro Vereador ou Deputado, no sentido de
que o problema fosse enfrentado, que é o que esta Câmara está fazendo, neste
momento. Eu dei todos os dados, e a matéria está em discussão para votação
nesta manhã. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para
discutir.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, antes
de mais nada, vou declarar que votarei favoravelmente ao Projeto, como também a
minha Bancada. (Palmas.) Não fiz essa declaração para ser aplaudido, mas a fiz,
porque é difícil atuar com responsabilidade.
O
Vereador que assina esse Projeto de Lei, diz que o Executivo está tentando
fazer uma proposta nesse sentido. Já podemos esperar que o Executivo venha a vetar
a proposta que hoje iremos aprovar, provavelmente até por unanimidade. Estou
fazendo esta colocação, porque não quero ser o dono da verdade, mas há coisas
que não vou aceitar.
Eu
dizia, quando discutíamos a pauta. A pauta é importante, porque precisamos
discutir todos os projetos que entram nesta Casa. Este Projeto entrou no dia 14
de junho, recebeu Parecer da Procuradoria da Casa, que não vou nem discutir o
Parecer, no dia 23 de junho; recebeu uma emenda do Ver. Paulo Brum no dia 29 de
junho, e no dia 13 de agosto recebeu uma emenda do autor do Projeto,
solicitando a retirada do art. 9º, porque agora não se pode mais dizer:
“revogam-se as disposições em contrário”, mas tem de se dizer, especificamente,
que “disposições são revogadas”.
Foi
só o que se fez. Não passou em nenhuma comissão. Será que não havia tempo para
uma Comissão da Casa se dirigir ao Executivo Municipal e ir buscar uma solução
definitiva para o problema? Se a lei diz que perante ela todos os cidadãos são
iguais, por que discriminar só dez mil? Por que não apenas dizer que se dará
oportunidade a todos? Dez mil são três milhões e quatrocentos mil reais
mensais, pelo que aqui está disposto. Se fossem cem mil, seriam trinta e quatro
milhões. mas a Exposição de Motivos diz que na área metropolitana temos
trezentos e vinte quatro mil desempregados, digamos que cem mil sejam de Porto
Alegre, por que não dar para os cem mil?
Na
realidade, com a tristeza de alguém que atua com responsabilidade, volto a
dizer: vamos votar favoravelmente, até para provocar o Executivo Municipal para
que encaminhe a sua proposta, porque nós conhecemos o Executivo, conhecemos a
Cidade e o seu orçamento, conhecemos as condições, ele vetará e, aí,
provavelmente, no mesmo dia , com o veto, chegue-se uma solução definitiva. Mas
eu fico triste, não posso deixar de registrar a tristeza profunda da qual sou
tomado neste momento: nenhum parecer de comissão em um processo que é votado
hoje sob a égide do malfadado art. 81 da Lei Orgânica do Município, que diz que
um projeto, depois de trinta dias, pode ser votado sem nenhum parecer.
Na
minha Comissão que é de Finanças, eu não fui procurado a dar parecer nenhum.
Evidentemente, deveria ter sido encaminhado à Comissão de Justiça em primeiro
lugar, e a ela caberia ter dado. Não foi encaminhado, não houve pressão sobre a
Comissão de Justiça para que esse parecer acontecesse. Há o Regimento da Casa
que diz que temos prazo de seis dias para dar parecer.
Então
eu continuo não entendendo, mas registro voto favorável, o que talvez até aumente
a minha tristeza. Saúde e paz. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Paulo Brum está com a palavra para
discutir o PLL nº 84/99.
O SR. PAULO BRUM: Sr. Presidente, Sras. e Srs. Vereadores,
a nossa saudação especial aos senhores representantes dos sindicatos que se
fazem presentes e aos senhores trabalhadores. De antemão, como fez o querido
amigo João Dib, declaro que vou votar favorável a este Projeto, porque, sem
sombra de dúvidas, uma das chagas que mais assola a nossa população e, com
certeza, preocupa um pai de família, é a questão do emprego, o problema do
desemprego que vivemos nos dias de hoje.
Quero
também saudar aos senhores representantes do sindicatos que nos trouxeram a
proposição de passar um percentual desses empregos e frentes de trabalho às
pessoas portadoras de deficiência em nossa Capital. A Emenda que propus foi
apenas uma questão de correção, porque o Projeto mencionava “portador de
deficiência física”, e nós pensamos que devemos contemplar os portadores de
todas as deficiências, ou seja, as físicas, os cegos, os surdos e a deficiência
mental. Por isso, nossa Emenda foi apenas uma correção na questão proposta.
Faço
a seguinte colocação: imaginem os senhores e as senhoras que vivem a questão do
desemprego, sem trabalho e sem condições mínimas de levar para sua casa o pão e
o leite para os filhos. Agora, imaginem, além de desempregado, ter o infortúnio
de ainda possuir uma deficiência, que, com certeza, as dificuldades são bem
maiores.
Por
isso, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, queremos trazer o nosso apoio,
queremo-nos colocar à disposição para lutar juntos, para que possamos instituir
essa questão em Porto Alegre, que seria um exemplo para as demais cidades do
nosso País. Trazemos o nosso voto favorável e, com certeza, iremos aprovar este
Projeto por unanimidade. Tenho também a plena certeza que o nosso Poder
Executivo, sensível aos anseios da população, não irá vetar, porque, ao
contrário, os Vereadores, comprometidos com as questões que envolvem a nossa
população, derrubarão o Veto. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Nereu D’Ávila): O Ver. Guilherme Barbosa está com a
palavra para discutir a matéria.
O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, demais
presentes. É preciso dizer que hoje o desemprego, sem dúvida, é uma das duras
conseqüências de aspectos conjunturais e estruturais. Estruturais quando o
avanço tecnológico cria o chamado desemprego tecnológico, e que só alguns, em
face do avanço da tecnologia, conseguem trazer para si as conseqüências desse
avanço. Quando mais produtividade ocorre nas fábricas, enfim, no comércio, nos
bancos, só alguns se apropriam desse avanço. Ao invés de termos a possibilidade
de mais pessoas trabalhando menos, termina muito menos pessoas trabalhando, e,
algumas vezes, trabalhando mais do que trabalhavam antes. Hoje mesmo os jornais
trazem a notícia de que cresceu o desemprego no País mais uma vez. Só na região
metropolitana de São Paulo, um milhão e setecentas mil pessoas estão
desempregadas. Nós, que precisávamos criar a cada ano um milhão de novas vagas
em face da entrada do mercado de trabalho dos nossos jovens, nós perdemos vagas
a cada mês.
Por
outro lado, o desemprego conjuntural, sim. Já não são mais os do PT que dizem
isso, e já vêm dizendo há muitos anos, agora já ouvimos praticamente de todos
os Partidos, empresários dizendo a mesma coisa: a abertura indiscriminada das
nossas fronteiras econômicas, que quebrou empresas, que fez, inclusive, com que
um processo dos grandes setores empresariais que vão abarcando, engolindo
setores brasileiros. Há uma crise violenta no nosso parque industrial. Agora
vemos dois pobres brigando entre si, a Argentina e o Brasil, e, ao mesmo tempo,
as nossas fronteiras abertas para as empresas multinacionais dos países que são
imperialistas - é preciso usar novamente esse termo. E o nosso emprego vai
sumindo e nós dando emprego as outras empresas multinacionais. É preciso marcar
isso, isso tem nome e essa política da abertura indiscriminada, de aplicação de
todas as regrinhas do neoliberalismo, se chama Governo Fernando Henrique
Cardoso. É preciso marcar fortemente isso.
Mas
aqui na ponta do processo, nos Municípios, os Estados têm que se virar para, de
alguma forma, resolver isso, lutar para que os seus recursos não sejam
retirados, como estamos lutando agora com esta reforma da questão fiscal no
País que, ao que tudo indica, vai retirar dinheiro dos Municípios e dos
Estados, enquanto que os dramas do cidadão ocorrem exatamente no Município.
Chegamos
ao Projeto do Ver. Nereu D’Ávila que vem nesse bojo, nessa preocupação de ter
alguma forma do Município, além da maneira que nós temos trabalhado,
conseguindo manter as contas da Prefeitura em dia, pagando em dia os salários,
conseguindo investir em obras. Em obras que dão muito emprego, que é o caso da
construção de moradia popular, que é o caso das rede de água, das rede de
esgoto, continuamos fazendo isso, mas é preciso buscar outras alternativas.
Daí, surge o Projeto do Ver. Nereu D’Ávila, é preciso dizer claramente, para
que todos percebam o quadro em que trabalhamos, que tem uma marca de
inconstitucionalidade muito forte, porque diz a nossa Lei Orgânica, diz a
Constituição Estadual, a Constituição Federal, que todo Projeto que manipula recursos
financeiros, isso tem que ser oriundo do Chefe do Executivo, seja o Prefeito, o
Governador ou o Presidente, isso tem que ter origem no Chefe do Executivo, tem
essa marca, mas tem também a preocupação social muito forte. E o nosso
Executivo está preparando, inclusive, uma frente de trabalho em Porto Alegre
que nos próximos dias vai estar sendo colocada em funcionamento, que vai
trabalhar inicialmente, é uma tentativa, é um piloto para vermos como funciona
com cem trabalhadores, com cem moradores de rua, que é o setor, mais excluído
da nossa sociedade. Cem moradores de rua com a remuneração, porque não é
salário, de cem reais, trabalhando nas atividades do DMLU, em uma primeira
tentativa.
Então,
colocando isso ao Ver. Nereu D’Ávila, dessa dificuldade da questão
constitucional, mas reconhecendo o mérito do Projeto de V. Exa., nossa Bancada
estará liberada, provavelmente votaremos a favor do Projeto, mas sabendo dessa
dificuldade, logo em seguida nós teremos uma reunião com o Ver. Nereu D’ Ávila,
nosso Presidente, junto com o Prefeito ou Vice-Prefeito, onde será colocada
essa iniciativa da Prefeitura. Possivelmente o Prefeito será obrigado a vetar o
Projeto por uma questão constitucional, legal, mas, ao mesmo tempo, o Executivo
estará colocando em funcionamento uma frente de trabalho que vem no sentido do
Projeto do Ver. Nereu D’Ávila. Cumprimentamos o Vereador pela iniciativa deste
Projeto. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Vera. Clênia Maranhão está com a
palavra discutir o PLL nº 84/99.
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores;
lideranças sindicalistas aqui presentes, eu queria, assim como outros
Vereadores, dizer que sou completamente favorável ao Projeto de Lei do Ver.
Nereu D’Ávila, que procura instituir no Município um programa de incentivo ao
trabalho e requalificação profissional. Evidentemente, essa questão deve ter
pauta de debates nesta Casa. Parabenizo, duplamente, o Presidente Nereu por
essa iniciativa; primeiro, por ter atendido à reivindicação da força sindical e
sindicalistas que o procuraram e recolocou essa temática como a preocupação
nesta manhã, e atendeu à reivindicação da comunidade; em segundo, gostaria de
parabenizar V. Exa. pela competência em ter trazido o Projeto para ser discutido
nesta tribuna. Recentemente, no mês de junho, eu encaminhei a esta Casa um
Requerimento que solicitava a constituição de uma Comissão Especial para tratar
da questão do emprego em Porto Alegre, pasmem os senhores e as senhoras, um
pedido de uma comissão para que o Parlamento do Município tratasse da questão,
talvez a mais grave que enfrenta a nossa sociedade neste momento, e foi
rejeitado pelas comissões por onde passou. Foi rejeitada, a comissão, pelo
Relator da Comissão de Justiça, o Vereador do PT, Adeli Sell, foi rejeitada
pela Relatora da Comissão dos Direitos do Consumidor, a Vereadora do PT, Helena
Bonumá e, enfim, está inviabilizada a constituição, nesta Casa, de uma comissão
onde pudéssemos tratar com mais profundidade a questão do desemprego. Evidentemente
a criação de uma comissão do desemprego e do emprego não é contraditória com a
proposta do Ver. Nereu D’Ávila. Pelo contrário, daria até os subsídios
necessários para a aplicação do seu Projeto. Uma comissão que trata do emprego
trata das causas do desemprego, das alternativas de emprego, da questão da
requalificação profissional e, inevitavelmente, trataria da questão das frentes
de trabalho. É uma pena. Acho que as questões partidárias se sobrepujaram às
questões políticas mais importantes.
Portanto
o fato de o Ver. Nereu conseguir fazer com que esse Projeto fosse aprovado e
chegasse a ser discutido já é, por si só, uma grande vitória política, porque
sabemos, pelo nosso cotidiano, pelo enfrentamento dos problemas do dia-a-dia,
pelo fato de sermos cidadãos, que esta questão do desemprego é extremamente
grave. Poderíamos discutir isso com mil exemplos e com mil argumentos.
Eu
queria trazer aqui o resultado de uma pesquisa feita pela UFRGS, no mês de
abril ou maio deste ano, que diz que das pessoas entrevistadas, 39,2% dos
entrevistados colocaram o risco da perda do emprego como o seu maior temor. E
dentre aqueles que mais temem a perda do emprego colocavam-se os homens na
faixa de mais de trinta e seis anos de idade. Hoje, na Região Metropolitana, pela
mesma pesquisa, temos mais de trezentos mil desempregados. É evidente que há
uma crise estrutural, que há uma mudança tecnológica em nível mundial, que há a
brutal pressão do FMI para priorizar o capital financeiro em detrimento do
capital produtivo. Mas isso não isenta todos os governos, em todos os níveis,
inclusive em nível municipal, de definir uma política pública, concreta, em
relação a este tema. Acho que o seu Projeto vai fustigar o poder público nesta
direção. Muito obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): O Ver. Renato Guimarães está com a
palavra.
O SR. RENATO GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Ver.
Nereu D’Ávila, entendo que a sua proposta tem muita coerência com o processo de
debate, de luta, que estamos fazendo neste País. Mas eu não posso deixar de
fazer uma denúncia. Ver. Nereu D’Ávila, o seu Partido e outros Partidos de
esquerda, no processo nacional de discussão de um conjunto de reformas que
prejudicaram em muito os trabalhadores deste País, tiveram coerência, no
Congresso Nacional, em votar contra um conjunto de medidas propostas pelo
Governo Federal que, na realidade, abriu as porteiras para esta brutal crise de
desemprego conjuntural que o País vive.
O
conjunto das medidas aprovadas no Congresso Nacional e que não tiveram o apoio
dos Partidos de esquerda, do Partido do Ver. Nereu D’Ávila, mas que tiveram,
Ver. Luiz Braz, o apoio do seu Partido, o PTB, do PPB, do PFL, do PMDB, essas
medidas, que desregulamentaram a CLT, que abriram as fronteiras deste País para
a importação, que acabou com as pequenas empresas, quando foram votadas no
Congresso Nacional, não contaram com a mesma perspicácia, com a mesma visão que
os Vereadores que vêm a esta tribuna colocam. A defesa do trabalhador, do desempregado
nesta Nação, lá, no Congresso Nacional, não contou com a coerência de alguns
Partidos que aqui, nesta tribuna, se julgam, nesse momento, como grandes
defensores dos trabalhadores brasileiros. Esta denúncia tem que ser feita. V.
Exas. estão filiados a um Partido político que tem um programa político e lá,
no Congresso Nacional, V. Exas. foram culpados por um processo que esmaga os
trabalhadores brasileiros. Não podemos, quando falamos de desemprego, só fazer
a discussão do desemprego estrutural, que é conseqüência de toda a revolução
tecnológica da automação do processo de produção. Há, sim, no nosso País, um
desemprego que é conjuntural, que é fruto das medidas deste Governo que está
aí, do Governo do Fernando Henrique Cardoso, que, sim, Ver. Luiz Braz, na
disputa franca e política que fazemos, o seu Partido sustenta e sustentou no
Congresso Nacional.
Temos
que dizer isto, do contrário, estamos fazendo só o debate da responsabilidade
dos Executivos nacional, estadual e municipal, e os Parlamentos também são
responsáveis pelos processos e também são responsáveis por esta crise em que
está o País, porque o Congresso Nacional virou a ante-sala do Governo Fernando
Henrique. Não existe, no Congresso Nacional, um mínimo de reação às medidas
deste Governo que a cada dia afundam mais o nosso País. Quando falamos na
última pesquisa, desta semana, que divulgou que o índice de desemprego subiu
ainda mais, não ouvimos uma palavra do Governo Federal. É importante que se
diga: hoje, 60% dos recursos públicos desta Nação estão concentrados na esfera
Federal; 40% dos recursos públicos são divididos entre Estados e Municípios.
Então,
temos que discutir também de quem é a responsabilidade deste processo todo. Aí,
volto a chamar a atenção dos Vereadores que pertencem a partidos políticos que
dão sustentação a este Governo, que neste ano vai pagar oitenta e oito bilhões
para a dívida externa. Até o Papa está dizendo que a dívida externa deste País
é impagável. Não temos como pagar, estamos sacrificando nossas crianças, estamos
sacrificando nossos trabalhadores para pagar uma dívida externa que há muito
tempo já foi paga com o suor e com o nosso sangue. Hoje, ainda, para continuar
mandando este dinheiro para o exterior, somente juros, estamos sacrificando o
nosso povo.
Portanto,
digo que é coerente a proposição do Ver. Nereu D’Ávila. Penso que a Casa vai
aprovar, vamos aprovar, vamos fazer sair do papel e virar uma prática na Cidade
de Porto Alegre. Mas não podemos, aqui, deixar de fazer a denúncia, Vera.
Clênia Maranhão: o seu Partido também é responsável por essa crise, porque o
seu Partido pertence ao Governo Federal e deu sustentação, no Congresso
Nacional, a esse Governo que afundou o País. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Luiz Braz está com a palavra para
discutir o PLL nº 084/99.
O
SR. LUIZ BRAZ: Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Vereadores, Senhoras e Senhores. Quando o Ver. Renato
Guimarães ataca o Governo Federal, não atinge nem este Vereador nem a Bancada
do PTB; nós, realmente, não defendemos o Governo Federal. Aliás, nós queremos
comentar e ver aqui comentados fatos ligados ao Governo do Estado e ao Governo
do Município, porque, afinal de contas, estamos ligados à Cidade de Porto
Alegre, que é a capital do Rio Grande do Sul. Isso é que eu quero discutir.
Com
relação às frentes de trabalho, é claro que temos de ser favoráveis,
contrariamente, Ver. Renato Guimarães, ao Governo de V. Exa., porque temos de
falar em termos práticos, e V. Exa. quis colocar termos práticos. O Presidente
do meu Partido, o Dep. Sérgio Zambiasi, fez aprovar um projeto de sua autoria,
na Assembléia Legislativa, criando frentes de trabalho. Sabe o que fez o
Governador do seu Partido? Vetou o Projeto! Aí, volta o Projeto para a
Assembléia Legislativa, e é derrubado o Veto. Só que o Governo de V. Exa.
simplesmente olvida a lei que foi criada e não a cumpre, não cria as frentes de
trabalho. E V. Exa. vem aqui querer dizer que os outros governos, que os outros
partidos são os responsáveis pelo desemprego?! O Governo de V. Exa. mandou
embora a Ford, mas eu não quero discutir a Ford. Quero discutir Porto Alegre. O
Governo de V. Exa., há dez anos, disse que iria criar o Distrito Industrial da
Restinga. Quero que todos os senhores, por favor, dirijam-se ao Distrito Industrial
da Restinga e vejam o que existe lá. Não existe nada. É engodo! É mentira! Este
foi o discurso que o PT fez há dez anos, de que as indústrias seriam atraídas
para a Restinga, para que aquela população tivesse o direito de trabalhar lá
onde mora. Nada foi realizado! Nada foi feito! Então, vêm aqui os Vereadores do
Governo Municipal e não querem discutir Porto Alegre. Eles têm medo de discutir
Porto Alegre! Eles têm medo de falar da Restinga! Eles têm medo de falar em
política habitacional! Por quê? A caminho do Distrito Industrial quero que
olhem, também, os banheiros que eles estão entregando para a população, dizendo
que são casas. São módulos sanitários. É um desrespeito com essa população! É
um desrespeito com Porto Alegre! E ninguém aqui quer comentar. Eu não vi um só
Vereador do PT vir aqui a esta tribuna para explicar aquela vergonha de
política habitacional. Mas vem o Ver. Renato Guimarães e diz que vão votar
favoravelmente a este Projeto. Que bom! Já é uma evolução! Mas não basta votar
favoravelmente, é preciso colocar em prática. Não esta prática anunciada pela
Liderança do PT Ver. Guilherme Barbosa, que diz que vão criar cem empregos, que
a frente de empregos vai contemplar cem pessoas. Ora, estamos falando de uma
Cidade, de Porto Alegre, que tem um milhão e trezentas mil pessoas. O
desemprego aqui é muito grande. Não podemos, de repente, aceitar esse engodo.
Véspera de eleição eles vêm: “Vamos fazer um teste. Vamos criar cem empregos.”
Eu
quero que haja uma nova política dentro do ISSQN. O ISSQN é elevado, pois é de
5%, praticamente, para todas as atividades, e isso é que espanta muitas
empresas aqui do território. Nossa Cidade não tem muitas empresas, e muitas
empresas deixam e vir para cá, exatamente por causa da política tributária.
Aliás, não satisfeitos com essa política tributária, querem elevar os impostos.
Já estão anunciando, que no projeto que vai chegar até o dia trinta na Casa, o
projeto do orçamento, novos aumentos. Novos aumentos!
O
PT, até agora, tem-se mostrado incompetente para fazer crescer a arrecadação de
Porto Alegre, fazendo com que haja uma economia mais viva, mais direcionada
para que todos possam crescer juntos. Eles só sabem um modo de fazer crescer a
arrecadação: aumentar impostos, aumentar impostos. Isso eles sabem muito bem.
Agora, para criação de frentes de emprego, que foi muito bem proposta pelo Ver.
Nereu D’Ávila, disso eles não entendem, muito, não. Aliás, não gostam. Vetaram,
e não estão cumprindo no Governo do Estado. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Solicitamos à assistência que não haja
manifestações.
O
Ver. Lauro Hagemann está com a palavra para discutir.
O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, não
amaldiçoemos a escuridão; acendamos uma luzinha, por pequena que seja, para
iluminar o nosso caminho. É isso que nós estamos pretendendo hoje, com este
Projeto. Não vamos resolver o problema do desemprego, porque é uma questão
muito complexa. No mundo econômico em que nós vivemos, o capital destinado a
investimentos está cada vez mais escasso. Nós estamos assistindo a uma pletora
de capital volátil que só procura a sua reprodução sem deixar nada como
resíduo. E no caso do Estado brasileiro, ele está exausto, não tem condições de
investir na criação de novos empregos. Então, há todo um processo econômico a
ser detectado, a ser modificado, sob pena de nós ficarmos patinando no mesmo
lugar. Andaram bem as Lideranças e as direções sindicais ao proporem este
Projeto. Porque o que me seduz no Projeto é a segunda parte, que fala na
requalificação profissional. Vamos começar a deixar de investir contra a
tecnologia, contra a ciência, que hoje dizem que está tomando o lugar dos
operários. Vamos usar a ciência e a tecnologia para alavancarmos o braço do
trabalhador, e não para suprimi-lo. É isso que precisa ser feito. Essa
requalificação profissional é a pedra de toque neste Projeto. O que nós vemos é
uma desqualificação profissional. A maioria dos nossos cidadãos não está
qualificada para o trabalho que se exige, hoje, do cidadão brasileiro, a nova
forma de produção. E para isso precisamos investir num outro setor: na
educação. Tudo isso é uma roda sem fim. Mas em algum lugar vamos ter que
atacar.
Este
Projeto vai ser aprovado, creio, por unanimidade. Mas - terrível palavra o
“mas”, no dizer do Padre Vieira - nós não podemo-nos iludir e não temos o
direito de iludir ninguém, que isso vá ser a panacéia. Não, isso é apenas uma
luzinha que se vai acender, para não continuarmos amaldiçoando a escuridão.
Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Vera. Maristela Maffei está coma
palavra para discutir o PLL nº 084/99.
A SRA. MARISTELA MAFFEI: Senhor Presidente, Senhoras e Senhores
Vereadores, Senhoras e Senhores. Nós, Vereadores desta Cidade, que discutimos
os problemas da nossa comunidade e que enfrentamos no dia-a-dia causas que
tanto nos angustiam, e que trabalhamos na busca de solução para essas questões,
não podemos ficar apenas nas causas. Nós temos que buscar todos os responsáveis
por essas questões diárias que nos agridem tanto. Eu queria dizer que muitas
são as causas, mas que nós temos, em nosso País, um Presidente que é dos ricos
e dos especuladores nacionais e internacionais, que é o Fernando Henrique
Cardoso. Ele não cobra impostos dos ricos, salva, com o dinheiro do povo,
bancos quebrados e vai gastar, somente este ano, mais de oitenta bilhões em
juros de uma dívida pública interna e externa, criada somente para beneficiar
os ricos. Produziu o maior desemprego da história deste País, com mais de 18%
de desempregados, nas maiores regiões metropolitanas, jogando, só em São Paulo,
mais de 1,9 milhões de famílias na mais absoluta miséria. Arrochou em mais de
7% os salários de todos os trabalhadores e trabalhadoras, no ano passado. O
salário-mínimo não cobre despesas básicas de qualquer família, como
alimentação, transporte e energia. Esmaga os sonhos das nossas crianças, cerca
de cinco milhões, em idade escolar, estão no mercado de trabalho, na maioria
das vezes realizando trabalho penoso. Não investe na educação, não dá
prioridade à saúde. Vocês que são sindicalistas são sabedores de que, no ano
que vem, na reunião da Organização Internacional do Trabalho, o Governo
Fernando Henrique vai estar lá para ajudar a desregulamentar todas as proteções
sociais que conquistamos até hoje.
Portanto,
como na Restinga, como foi citado aqui, onde a maioria dos terrenos estão
vendidos, onde as nossas empresas nacionais querem investir, não têm condições,
porque um dos elementos, que se chama Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico
e Social, assim como a Caixa Econômica Federal, não ajudam a investir e a
financiar as nossas empresas nacionais. No entanto, a Ford, que é uma das
maiores indústrias automobilísticas internacionais, está sendo financiada,
graças ao Presidente Fernando Henrique Cardoso - a coitadinha da Ford - para se instalar na Bahia.
Temos
que apoiar esse Projeto, que será aprovado também com o meu voto, por uma
questão de responsabilidade, independente de gostarem ou não, desse discurso,
de ser aplaudida ou não, porque não é para sermos aplaudidas que viemos aqui, e
sim para fazer valer a lei, e também para aprofundarmos essa discussão
política.
Todos
conhecemos o viés de cada sindicato, e temos que respeitá-los, independente de
termos diferenças ou não.
É
a nossa posição, como mulher, trabalhadora. Em nosso País hoje, infelizmente, a
maioria das mulheres já são chefes, donas de casa, trabalhadoras, que têm que
educar e criar os seus filhos. Portanto, senhoras e senhores, não basta apenas
vir aqui fazer demagogia, como eu ouvi: na Paraíba, onde o Governo é do PMDB,
que apóia o Governo Fernando Henrique Cardoso e o desastre que está acontecendo
com este País, e demitiu na semana passada, seiscentos trabalhadores da área
pública. Portanto, senhoras e senhores, é responsabilidade nossa termos uma
visão internacional, nacional e municipal, mas não vamos vir com demagogia que
podemos orar ou rezar apenas para os irmãos de Porto Alegre, porque em nível
internacional, graças a essa facciosa globalização, estão morrendo irmãos
nossos, como aqui, no nosso Município. Muito obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. NEREU D’ÁVILA (Esclarecimento): Sr. Presidente, peço vênia a V. Exa., eu
queria fazer um apelo, para o bom encaminhamento da Sessão. Vi que ainda há
cinco inscritos, o que normalmente levaria vinte e cinco minutos, isso sem os
encaminhamentos e, como há muitos Vereadores se ausentando por compromissos
particulares, já assumidos, na parte da tarde dessa sexta-feira, eu faria um
apelo - como é feito no Plano Diretor, não querendo cercear o direito de cada
Vereador - para que cada Vereador se pronunciasse por até três minutos, para
não prejudicar o resultado da votação, porque senão não vai ter quórum para a
votação. É um apelo muito fraterno, não é nenhum constrangimento, coisa que
este Vereador, jamais fez, em qualquer momento. A palavra dos Srs. Vereadores é
soberana.
O SR. PRESIDENTE: A Vera. Tereza Franco está com a palavra
para discutir.
A SRA. TEREZA FRANCO: Abro mão dos meus cinco minutos e vou
falar só dois. Vou votar favorável ao Projeto do nosso Presidente Ver. Nereu
D’Ávila, e quero dizer que não estou sentindo firmeza nessa reunião que vai
ter, depois deste Projeto, com o Prefeito. O PT, aqui, vota sim e chega lá e o
Prefeito passa a tesoura no Projeto. Era só esse o meu esclarecimento. Muito
obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Elói Guimarães está com a palavra
para discutir.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu quero
louvar aqui as preocupações e a iniciativa dos trabalhadores, dos comerciários,
do seu sindicato, da Força Sindical, e do autor da matéria, com tema de tamanha
significação. Nós estamos discutindo uma matéria que hoje é transcendental, que
é a questão do desemprego e do processo tecnológico.
O
processo tecnológico, Ver. Lauro Hagemann, é, indiscutivelmente, inexorável.
Ele causa um dano muito grande aos países do Terceiro Mundo no contexto da
globalização, porque o processo tecnológico se desenvolve nas economias
avançadas, de Primeiro Mundo. Ele tem mecanismos, tem relação de compensações à
medida que afasta a mão-de-obra humana e, por outro lado, distribui, pelos
mecanismos e recursos que possui por parte das nações desenvolvidas. Mas quando
esse processo tecnológico avança sobre os desenvolvidos, basicamente sobre o
Terceiro Mundo, ele penaliza profundamente aqueles que não têm mecanismos de
compensação. É o caso brasileiro, por exemplo, que também ingressa num processo
tecnológico e que tem uma mão-de-obra ociosa, sem a devida compensação. Então a
globalização, tocada pelo processo tecnológico, é extremamente penalizante às
população periféricas do capitalismo, e cobram um preço extremamente
suportável.
Tenho
sustentado e feito algumas colocações no sentido de que os países do Terceiro
Mundo, os subdesenvolvidos, deveriam encontrar uma forma de refrear o processo
tecnológico. Isso até parece ser uma heresia nesse campo do desenvolvimento
científico, mas não é. Eu tenho uma iniciativa, transformada em Lei, colocada
nas diretrizes orçamentárias, através da qual estabeleço um mecanismo para o
transporte coletivo, obrigando que nos ônibus existam, no mínimo, dois
tripulantes, o motorista e o cobrador, em face da catraca eletrônica. Todos
vocês sabem que a catraca eletrônica elimina a figura do cobrador. Diria que,
em se eliminando a figura do cobrador, isso pode refletir no custo do
transporte, e podendo até baixar a tarifa do transporte. Mas, diante desse
quadro de profundas dificuldades, como níveis espantosos de mão-de-obra ociosa,
temos que encontrar mecanismos de refrear o processo tecnológico e garantir o
trabalho. Por exemplo, a requalificação está no bojo dessa iniciativa, porque o
processo tecnológico marginalizou mão-de-obra não-especializada. Também, pelo
processo tecnológico, se marginaliza mão-de-obra que não tem, tecnologicamente,
recursos para trabalhar.
Então,
trata-se de uma matéria que reputo da maior importância, de um assunto
transcendental: o emprego. Hoje, passa a ser uma das questões fundamentais do
ser humano. Hoje o emprego se sobreleva, na minha ótica, à própria propriedade,
Ver. Lauro Hagemann, na medida em que a propriedade passou a sofrer uma série
de transformações. O emprego passa a ser uma das coisas mais importantes para a
vida nestes tempos contemporâneos. Nesse sentido, evidentemente, sou a favor do
Projeto. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Registramos as honradas presenças do
Deputado Vieira da Cunha e do nosso Vereador, Secretário de Estado Pedro Ruas.
A
Vera. Helena Bonumá está com a palavra para discutir o PLL nº 084/99.
A SRA. HELENA BONUMÁ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o
Projeto do Ver. Nereu D’Ávila, além do seu mérito, propicia, nesta Sessão, um
debate atual fundamental para o povo brasileiro: a questão do emprego, do
trabalho, da geração de renda, das possibilidades de vida para a nossa
população.
A
questão do desemprego, cada vez que a discutimos, é importante que se faça uma
referência para resgatarmos uma idéia central. O desemprego não é destino, não
é uma tragédia divina que se abate nos seres humanos de alguns países mais
intensamente. O desemprego é uma opção dos governos, é uma opção de política
econômica, de um modelo econômico. Obrigatoriamente, não precisa ser assim, e
os trabalhadores, o sindicalismo, as organizações sindicais e populares têm
lutado contra isso, e sabem perfeitamente que é possível termos políticas
econômicas que superem o problema do desemprego estrutural da forma como ele
vem se abatendo sobre os nossos países, principalmente os países do Terceiro
Mundo, o Brasil. Então, esse é o marco que temos que colocar na nossa
discussão, que o desemprego tem raízes precisas, se é verdade que em nível
internacional o capitalismo vive uma crise, nem todo mundo está em crise, nem
todo mundo está passando mal. Nós sabemos que o capital financeiro
internacional vai muito bem, obrigada, e nos governa inclusive. Portanto, é
muito importante que tenhamos referências bem precisas.
A
segunda questão, é que nós temos no Brasil, desde 1989, uma sucessão de
governos que tem uma política econômica clara, e vem, agora, o Ver. Luiz Braz
colocar-se como oposição ao Governo Federal, o que muito me surpreende. Eu fico
pensando: quem é que segura esse Governo que está aí se todo o mundo virou
oposição? É um mistério, é uma coisa meio divina, que nós estamos tendo que
compreender. É um problema! Parece-me um pouco aquela velha imagem de desenhos
infantis em que, quando o navio começa a afundar, alguns pulam fora. Isso é
muito sério, porque diz respeito à nossa responsabilidade, como pessoas
públicas, assumirmos as nossas posições até as últimas conseqüências. Nesse
ponto, nós temos que ser muito rigorosos, e o movimento sindical, que batalha,
que “dá duro”, que está vendo a sua base desempregada, passando fome, sabe
disso.
“A
prática, senhores, é o critério da verdade”, já dizia um antigo revolucionário,
que foi morto por ser revolucionário, por querer mudar o mundo, por querer
construir uma sociedade mais justa. “A prática é o critério da verdade”, e
onde, em que governo, esses senhores que vêm fazer proselitismo na tribuna
aplicam as políticas maravilhosas que, aqui, reivindicam? Nós temos que ser
muito rigorosos com relação a isso, porque nós não vamos brincar com a vida do
povo brasileiro, e o Parlamento tem um papel importante na vida do País.
Não
é preciso ninguém falar do Congresso Nacional, porque todo o mundo sabe o que
ele, majoritariamente, faz. O que ele faz é conhecido internacionalmente, e o
povo brasileiro não só conhece como sente “na pele” as conseqüências da política
que esse Congresso, sucessivamente, tem aprovado, dos compromissos que,
majoritariamente, esse Congresso têm. Eu sou a favor do Parlamento, o nosso
Partido luta por ter uma representação, por compor frentes populares,
comprometidas com os interesses dos trabalhadores no Parlamento. E nós temos
que fazer com que o Parlamento venha a ter, cada vez mais, controle público
sobre os partidos, sobre os mandatos dos parlamentares inclusive, e
transparência na sua gestão. Agora, a experiência que nós temos, que o povo
brasileiro tem tido, do Parlamento no Brasil, é de que o Parlamento tem
reforçado, majoritariamente, as políticas neoliberais. Portanto, é muito bonito
vir fazer discurso contra o desemprego, quando se sustentam políticas
antipopulares, neoliberais, que estão levando a nossa Nação a uma desgraça
total.
O
Projeto do Ver. Nereu D’Ávila é inconstitucional, mas ele tem méritos. Eu estou
querendo fazer uma pesquisa - até agora não tive tempo de fazê-la -, porque
tenho, na minha memória, que, na legislatura passada, o Governo Municipal
apresentou um projeto de criação de frentes de trabalho.
Para
concluir, Sr. Presidente, não deu para recuperar, mas quero resgatar isso. Os
sindicalistas que estão aqui sabem quais os compromissos que temos como Governo
do Estado. Se nós vetamos um projeto, por inconstitucionalidade, estamos
comprometidos com os interesses populares do Rio Grande do Sul, diferente do
Governo que passou. É fácil vir à tribuna falar quando a prática é o critério
da verdade, quando somos Governo temos que demonstrar. Evidentemente, o Governo
do PT, em Porto Alegre tem compromisso com a geração de novos empregos. Muito
obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. José Valdir está com a palavra
para discutir.
O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o
Projeto do Ver. Nereu D’Ávila atua em dois sentidos: para propor medidas de
emergência no problema nacional, hoje, que é o desemprego, e numa iniciativa na
área da educação, na questão da reciclagem, na mão-de-obra.
Vamos
votar a favor do Projeto, mas não podemos concordar com colocações que foram
feitas, aqui.
Não
podemos, desta tribuna, vender a ilusão, para a população de Porto Alegre, de
que os municípios são capazes de dar soluções para os problemas econômicos, que
os municípios atuam sobre os efeitos. Não dá para passar, para vender esta
imagem, isso é irresponsável da parte de alguns vereadores que vêm a esta
tribuna passar essa imagem.
A
questão do desemprego, a crise que vivemos, hoje, em primeiro lugar, é uma crise
internacional. Os jornais desta semana e da semana passada, mostraram os
relatórios da Conferência da ONU e do BIRD mostrando os resultados do projeto
neoliberal, no mundo, os números destas agências que são insuspeitas, pois são
agências do próprio capitalismo, mostram o que têm feito estas medidas
liberalizantes do mercado, acabando com todo o tipo de regulamentação
alfandegária, abrindo para os produtos das multinacionais. Isso está afastando,
está abrindo, cada vez mais, um fosso entre os países ricos e os países pobres,
e agravando o problema da miséria no mundo. E não dá para negar que a crise é
nacional, e na raiz dessa crise, que não afeta apenas o Município de Porto
Alegre, está a política do Governo Federal, que agora, para nossa surpresa, não
tem mais defensores aqui na Câmara. Nem o PTB defende mais o Presidente
Fernando Henrique, dizendo que o Partido não tem nada a ver com o Governo
Federal. Vejam a irresponsabilidade política! Agora, quando o barco começa a
afundar, quando começa a ficar evidente que esse projeto neoliberal infelicita
a vida de milhões de brasileiros, o PTB - e nesse caminho estão outros partidos
que deram sustentação a esse modelo - não tem mais responsabilidade. Esses
homens fazem política dizendo que, em determinados momentos, não têm mais
passado, não têm mais partido e não têm mais posições. Isso é muito
interessante.
Respondendo
à questão sobre a Restinga, eu gostaria de dizer que o distrito industrial da
Restinga está pronto, com toda a infra-estrutura. O que nós não vamos fazer - e
isso é uma posição clara - é comprar empresas para colocar lá com dinheiro
público, com renúncia fiscal, com dinheiro que falta nas áreas sociais. Até
porque isso não adianta. Vejam o que está acontecendo em Feliz - está na Zero
Hora de hoje -, onde o Prefeito, Clóvis Assmann, do PMDB, desde abril vem
prometendo dinheiro, investimentos, dando todas as facilidades fiscais para a
Parmalat não sair de lá, e mesmo assim ela anunciou que vai sair. Esse tipo de
política nós não vamos fazer.
Hoje,
apenas deram uma “pincelada” sobre a questão da Ford, que era o assunto
predileto do Plenário. Depois daquela barbaridade que foi feita, em que
ofereceram um bilhão e meio do dinheiro público nacional para que se instalasse
na Bahia, o que até o empresariado daqui reclamou, ninguém mais quis falar na
Ford, porque a posição adotada pelo Governador Olívio Dutra estava certa. Nós
não vamos dar dinheiro aos grandes, até porque não adianta. Não vamos alimentar
essa guerra fiscal, que só prejudica o povo brasileiro e beneficia somente
àqueles que já têm muito dinheiro, que são as multinacionais.
É
uma irresponsabilidade vender a imagem de que os municípios, que foram, pela
Constituição, responsabilizados por uma série de investimentos, encargos nas
áreas sociais, irão pagar o pato e resolver os problemas da crise
criada pelo projeto neoliberal de Fernando Henrique Cardoso e o que o FMI
impõe, aqui, no nosso País.
É
uma irresponsabilidade vender esse projeto, como diz o Ver. Lauro Hagemann, é
apenas uma pequena luz. Para que iluminemos mais este caminho, temos que bater,
sim, e reverter esse modelo nefasto que inferniza a vida do povo brasileiro,
que se chama neoliberalismo. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cyro Martini está com a palavra
para discutir a matéria.
O
SR. CYRO MARTINI: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores e Sras. Vereadoras, o Projeto apresentado pelo Ver.
Nereu D’Ávila, não só chama atenção como mostra preocupação com relação à sorte
do cidadão brasileiro, da família brasileira, mais restritamente com relação à
sorte dos porto-alegrenses. Essa já seria razão para devotarmos respeito,
consideração pela proposta, entretanto, permite o Projeto que tenhamos a
oportunidade de refletir, de ponderar, de avaliar acerca da situação
brasileira, relativamente ao desemprego no País. Nós, na Grande Porto Alegre,
já nos defrontamos com mais de trezentos mil desempregados e isso, fruto de uma
política desenvolvida pelo Governo Federal que procura, antes de tudo e
sobretudo, estabilizar a moeda, que quer a estabilidade econômica e financeira
no País, como a finalidade primordial, como meta primordial da sua ação, do seu
planejamento. Essa estabilidade, com relação a sorte do trabalhador brasileiro,
tem sido altamente perniciosa, porque, se agrada ao Presidente da República,
agrada ao capital internacional, ao Fundo Monetário Internacional, promovendo
política de estabilidade financeira, de outra parte, ele provoca o desemprego
dentro do País, com a recessão, com a crise produzida, tem essa finalidade, tem
essa conseqüência danosa.
Por isso, quando nos preocupamos com o
emprego, seja em que área for, na atividade primária, na atividade comercial,
na atividade industrial, estamos indo ao encontro da família e dos cidadãos
brasileiros. Hoje as qualidade de quem quer que seja, sejam mínimas ou
notáveis, de nada adiantam para conseguir emprego. O desemprego desgraça a
família nacional. Os números estão aí cada vez mais crescentes, apontando o
desemprego generalizado no País.
Por
isso temos de estar sempre atentos e prontos para rebater. E os dados com
relação a imagem do Presidente da República mostram que o povo está contra essa
política, essa política recessiva que promove a crise e o desemprego.
E
o que quer o Presidente da República? Cada vez mais desemprego. Com relação ao
funcionalismo público, qual é a política apresentada pelo Presidente da
República? É no sentido de desempregar. A estabilidade do funcionalismo público
federal foi posta por terra para promover diretamente o desemprego dentro da
própria função pública.
Por
isso, propostas como essas permitem que reflitamos acerca do desemprego e da
desgraça que ele provoca no país. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Peço desculpas ao Ver. Antonio Losada,
por um equívoco da Mesa e deste Presidente, ele estava inscrito e não foi
chamado.
O
Ver. Antonio Losada está com a palavra para discutir.
O SR. ANTONIO LOSADA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, líderes
sindicais e Central da Força Sindical que se encontram presentes, aqui. Vou ser
rápido e objetivo. Nesta hora em que tratamos do desemprego, os discursos que
desfilam aqui, de certa forma, parecem que não têm comprometimento nenhum com o
desemprego. Lamentavelmente, o Governo Federal, de tantas medidas restritivas,
os partidos que dão apoio à composição do Congresso Nacional, parecem que não
têm compromisso com o desemprego ocorrido em nossa Pátria. Não queria examinar
por esse ângulo, poderia falar na questão do Parque Industrial da Restinga, na
questão das fábricas quando, no início do século, os operários as invadiram,
eram modernizadas, os teares que provocavam grande desemprego e a movimentação
operária as invadia, e quebravam, numa medida que não tinha alternativas
imediatas para combater o grande desemprego que ocorria no início do Século.
Hoje
a colocação é outra, a microinformatização, as estruturas, a conjuntura têm
alimentado e determinado um elevado desemprego. Mas o aspecto que quero
abordar, respeitando o pedido do nosso Presidente, é que quero felicitar o
nosso movimento sindical, esses dirigentes que têm, no seu passado e na sua
história, uma dívida com os desempregados. Hoje, as direções sindicais, as
centrais únicas dos trabalhadores procuram assumir também a responsabilidade
com os desempregados, porque por aí me parece que passa a solução desse
problema, resolver efetivamente o problema do desemprego neste País. Neste
momento, com essa participação em massa das lideranças e das centrais sindicais
parece-me que o caminho é o mais justo possível. Só através dessa mobilização,
dessa conscientização, que vamos abrir espaço e recursos para as nossas casas
sindicais, efetivamente promovendo a luta pelos desempregados, chamar aqueles
desempregados que não podem mais contribuir com a contribuição sindical, com a
mensalidade sindical, que ficam ausentes dos processos eleitorais das
entidades, e nós temos uma responsabilidade com esses trabalhadores.
Quero
felicitar as representações do movimento sindical que compareceram no nosso
gabinete trazendo uma lista de várias entidades sindicais comprometidas com a
defesa desse Projeto. Como outros Vereadores já disseram, isso é o começo de
uma luta, é um sinalzinho. Essa luta vai exigir muito mais de nós, porque
muitos, hoje, que se auto-intitulam defensores dos desempregados, é uma questão
puramente política, porque esses nunca,
efetivamente, sofreram na carne, ou estiveram perto de uma família que, às
vezes, a maioria dos seus membros estiveram desempregados.
Portanto,
só através dessa mobilização sindical, da conscientização das várias centrais
sindicais em assumir efetivamente essa luta em favor dos desempregados, de
identificar as causas que geram esse desemprego.
É
uma vergonha que nós tenhamos uma reforma agrária engavetada, neste País, há
mais de 50 anos, e a reforma agrária é um dos pontos fundamentais para que se
resolva em parte o desemprego neste Pais. A distribuição de renda é importante
que se promova neste País. É importante que se aproveite a tecnologia, a
informatização, mas sem dúvida, essa tecnologia, essa informatização foi
adquirida, alcançada pelas grandes empresas através da acumulação de capital e
da exploração dos trabalhadores.
Portanto,
apóio, desde o primeiro momento, este Projeto. Vejo ele apenas como um começo
da grande luta que está por vir. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Encerrada a discussão e não havendo
encaminhamentos, colocamos em votação o
Projeto de Lei do Legislativo nº 084/99, de autoria do Ver. Nereu
D’Ávila, que institui o Programa de Incentivo ao Trabalho e Requalificação
Profissional no Município de Porto Alegre e dá outras providências. Em votação nominal, por solicitação do Ver.
Antônio Losada. (Após a apuração nominal.) APROVADO
por 23 votos SIM.
Em
votação a Emenda nº 1 aposta ao PLL nº 084/99. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que
a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA.
Em
votação a Emenda nº 2 aposta ao PLL nº 084/99. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que
a aprovam permaneçam sentados. (Pausa) APROVADA.
Queremos
agradecer a presença dos lideres sindicais e dos demais trabalhadores que nos
honraram, nesta manhã, com as suas presenças nesta Casa. Ficamos muito felizes
com a Casa que, de forma unanime, aprovou o Projeto e as duas Emendas.
O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA
(Requerimento): Sr. Presidente,
requeiro que passemos aos Requerimentos e que este Requerimento (nº 205/99)
tenha prioridade.
O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento do Ver. Carlos
Alberto Garcia. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados.
(Pausa.) APROVADO.
O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA
(Requerimento): Sr.
Presidente, requeiro que o período de Comunicações da Sessão Ordinária do dia
seis de outubro seja destinado a homenagear os 60 anos da Escola Estadual de 1º
Grau Euclides da Cunha.
O SR. PRESIDENTE: Só adendaria neste Requerimento, o Ver.
Carlos Alberto Garcia já concordou, já que nas segundas e quartas-feiras
estamos aumentando o número de homenagens, que somente um Vereador,
principalmente o proponente, use da palavra. Do contrário, não votaremos o
Plano Diretor no prazo.
Em
votação o Requerimento nº 205/99, do Ver. Carlos Alberto Garcia. (Pausa.) Os
Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa) APROVADO.
O SR. PRESIDENTE: Há um Requerimento de autoria do Ver.
Adeli Sell que solicita uma Sessão Solene em homenagem aos 191 anos do Banco do
Brasil, a realizar-se no dia 14 de outubro, às 19 horas, na Câmara Municipal.
Em
votação Requerimento nº 201/99, de autoria do Ver. Adeli Sell. (Pausa.) Os Srs.
Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Não
havendo mais quórum, estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.
(Encerra-se
a Sessão às 13h25min.)
* * * * *